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Joaquim Brigas, Presidente do Instituto Politécnico da Guarda IPG quer transformar o interior através do ensino e da investigação

24-01-2022

O Instituto Politécnico da Guarda quer construir novas instalações para a Escola Superior de Saúde e uma nova residência de estudantes. Em entrevista ao Ensino Magazine, respondida por email, Joaquim Brigas, presidente da instituição, explica como a sua instituição deve ser uma referência no desenvolvimento do interior do país.
Para este último ano do primeiro mandato, Joaquim Brigas fala do objetivo de instalçar na Guarda um Laboratório Colaborativo na área da Logística.

Recentemente anunciou que o Politécnico da Guarda iria apresentar uma candidatura para a construção da nova Escola de Saúde e de uma residência de estudantes. Em que fase se encontra o processo? Quando poderão avançar para o projeto e construção?
Estamos a reunir as condições necessárias para apresentar as candidaturas a financiamento europeu. Este é um processo que não depende só do Instituto Politécnico da Guarda; precisamos do empenho das autarquias da Guarda e de Seia e, claro, do Governo. Esperamos ter novidades para apresentar após a posse e entrada em funcionamento do novo Governo. Só depois disso será possível falar em projeto e em prazos de construção.

Qual a importância dessas duas estruturas para o IPG?
A construção de uma nova Escola Superior de Saúde (ESS) e de uma residência de estudantes no campus do IPG e outra no campus da escola Superior de Turismo e Hotelaria (ESTH) vai permitir captar mais estudantes para o Politécnico da Guarda e fixar mais jovens na cidade da Guarda. Nos últimos dois anos, nos quais o IPG foi a instituição de ensino superior em Portugal que mais aumentou o número de alunos colocados nos seus cursos, a falta de alojamento de qualidade, a custo acessível, foi o principal obstáculo a que centenas desses alunos se matriculassem nas escolas do IPG, onde desejavam estudar.
Esses alunos foram obrigados a rumar a politécnicos e universidades noutras cidades, por dificuldades em encontrar alojamentos acessíveis e de qualidade.
Por outro lado, os cursos da ESS são muito procurados e todos os anos ficam de fora centenas de estudantes. Apenas conseguiremos aumentar o número de vagas e acolher mais estudantes para as áreas da saúde se construirmos novas instalações.

No aniversário do IPG referiu que o Politécnico deve ser uma referência no desenvolvimento do interior. Como é que isso está a ser concretizado?
Temos sido um ponto fulcral do triângulo virtuoso que está a tornar o Interior de Portugal mais competitivo. O triângulo é constituído pelo Ensino Superior, que na região tem o seu vértice no Politécnico da Guarda, pelos municípios e pelos agentes económicos, atores sociais e produtores de cultura.
O IPG tem estado absolutamente empenhado em apoiar a transformação do tecido económico a partir do Interior, em contribuir para a modernização das autarquias e da administração do Estado, em formar quadros de qualidade para os serviços sociais e de saúde.
Por outro lado, quer na Guarda, quer em Seia, ao criar emprego científico altamente qualificado, o Politécnico tem sido um fator estrutural de valorização do tecido social das duas cidades. Ao ter mais alunos, as Escolas do IPG também atraem mais professores, mais investigadores, mais empresas e organizações sociais. Tudo isso significa mais fixação de pessoas no eixo Guarda - Seia, mais dinheiro a circular nas duas cidades, mais investimento, mais crescimento no Interior.

Qual o balanço que faz destes três anos de mandato, sendo que dois deles foram vividos em pandemia?
Apesar da pandemia, faço um balanço muito positivo.
Tivemos sucesso na nossa estratégia de apoiar, incentivar, abrir e alargar as relações do IPG dentro e fora do país: modernizámos a nossa oferta formativa, colaborámos e prestámos serviços a mais empresas e organizações.
Estamos a desenvolver projetos de investigação e de inovação nas áreas do envelhecimento ativo, da biomedicina, do blockchain, de biorresíduos, entre outras.
Aumentámos o número de estudantes; investimos mais de 600 mil euros na reestruturação tecnológica profunda nas suas quatros Escolas, nomeadamente na rede de Internet, no sistema de videoconferência e em equipamentos informáticos.
Contratámos cerca de duas dezenas de novos investigadores qualificados para criar e reforçar projetos de investigação.
Fizemos tudo isto em tempos particularmente difíceis, durante uma pandemia, que nos obrigou a recriar os modelos de ensino para garantir a segurança de toda a comunidade académica.

O que está previsto para este último ano de mandato?
Vamos desenvolver mais projetos de investigação e de formação nas áreas da intervenção social, da logística, da biotecnologia, da sustentabilidade e das competências digitais. Vamos continuar a propor novas formações, sempre atentos, sobretudo, às necessidades reais da região e do País. E vamos continuar a trabalhar para valorizar a qualidade do nosso ensino e o valor e pertinência da nossa produção científica.
Um dos projetos fortes é a candidatura que estamos a apresentar à Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) para instalar na Guarda um Laboratório Colaborativo na área da Logística – o CoLAB LOGin. O projeto foi desenhado pelo IPG, em parceria com empresas e com organismos públicos e privados da área da logística. O IPG irá juntar empresas do setor e académicos para, em conjunto, estudarem as redes e os fluxos logísticos da região e do país. E preparar quadros e conhecimento que enquadrem a instalação próxima do Porto Seco na Guarda.

Uma das suas apostas era a relação do IPG com as empresas e com a região. Isso está a ser conseguido?
Sim, está a ser muito conseguido e com grandes vantagens mútuas. O laboratório colaborativo de logística é um bom exemplo disso mesmo.
Também temos feito parcerias com várias empresas da região para lançar novas ofertas formativas e para desenvolver projetos de investigação em conjunto.
Multinacionais como a Olano, Altran, Coficab ou Altice são as primeiras a afirmar que a investigação produzida pelos estudantes e pelos docentes deste politécnico tem gerado inovação de qualidade e contribuído para aumentar a competitividade dos seus produtos e serviços.
Os nossos docentes e investigadores estão a antecipar e a identificar problemas reais que as empresas e organizações parceiras irão enfrentar e apresentam-lhes soluções. Desta forma estamos a ajudá-las a crescer economicamente e a aumentar a qualidade dos seus serviços sociais.

Este ano letivo abriram novas ofertas formativas. Para o próximo equaciona apresentar novos cursos? Se sim, em que áreas?
É verdade. Em 2020, aprovámos três novas licenciaturas: em Biotecnologia Medicinal, em Mecânica e Informática Industrial e em Desporto, Condição Física e Saúde, pondo fim a 11 anos de estagnação da oferta de ensino no IPG que, desde 2009, não teve qualquer nova licenciatura a entrar em funcionamento.
Também lançámos quatro pós-graduações: em Logística, em Enoturismo, em Gestão de Projetos e em Proteção Civil e Média. Desde 2019, abrimos 14 novos Cursos Técnicos Superiores Profissionais, direcionados para a gestão do território, para a análise de dados, para a comunicação multimédia, sector automóvel e para o turismo.
Relativamente a novos cursos, estão a ser feitos estudos ao nível das escolas para que possam ser apresentadas novas ofertas formativas que, por um lado, tenham boa procura no mercado de trabalho e, por outro lado, interessem às novas gerações de estudantes. Estamos a considerar criar licenciaturas que juntem áreas científicas de escolas diferentes, precisamente para responder, e primeiro lugar a esse duplo desafio que são o interesse dos estudantes e as necessidades do mercado.

Recentemente o IPG ficou com a sede o polo do Observatório Nacional do Envelhecimento na região Centro. O que se pode esperar desta estrutura?
Esta estrutura irá promover o envelhecimento ativo e saudável em todo o país, em particular nas regiões do Interior, que têm uma população mais envelhecida. Vamos trabalhar com investigadores de universidades e de outros institutos politécnicos da Região Centro para ajudar a criar medidas eficazes, de forma a que os idosos possam ser mais úteis e ter uma participação mais ativa na sociedade, na fase final da sua vida.
Pelo trabalho científico e conhecimento que se tem vindo a produzir nesta matéria, e também pela colaboração direta com unidades de saúde e instituições do setor social, o Politécnico da Guarda está muito bem posicionado para apoiar a definição de políticas públicas que enfrentem os problemas sociais e de saúde com que a população mais idosa se irá deparar no futuro próximo. Estamos preparados para ser úteis aos próximos Governos, às Administrações Regionais de Saúde, ao Instituto da Segurança Social, etc.

Hoje o Politécnico da Guarda é apresentado com uma nova imagem. Qual o objetivo da mudança?
O objetivo é inovar. Modernizar a nossa oferta formativa, a nossa produção de ciência, para com isso atrair mais estudantes, nacionais e internacionais, mais docentes e investigadores, mais empresas e mais organizações parceiras.
Todo este trabalho estratégico para a construção da nova imagem e conceito, desenvolvido por uma equipa liderada pela nossa consultora e designer Paula Delgado, foi baseado em quatro eixos.
Um Politécnico de proximidade, em estreita ligação com as suas cidades-sede (Guarda e Seia) e com as regiões do Interior.
Um Politécnico com um ensino audaz, virado para a qualificação criativa.
Um Politécnico fundado nos valores da autenticidade dos territórios, da sua comunidade académica e do ensino.
Um Politécnico com formação pertinente, dirigida às necessidades concretas das empresas e organizações.
A resposta da nossa comunidade académica, e de toda a região, ao nosso novo impulso estratégico tem sido excelente.

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