A conjuntura da escassez de professores aconselha também a necessidade de se proceder a uma revisão do nosso sistema de formação de docentes, para que o esforço aplicado na sua profissionalização tenha claras contrapartidas na melhoria dos resultados escolares dos alunos.
A educação é uma obra assombrosa, fruto da frágil elaboração humana. Quando bem utilizada, reconhecemos-lhe a força e o vigor próprio das forças cósmicas. Quando instrumentalizada, em nome de valores inconfessáveis, revela-se débil e ténue, como se não soubesse ser outra coisa que não fosse a de ajudar a humanidade a ser cada vez melhor.
Poucas instituições incorporam tanto simbolismo se comparadas com a instituição escolar. Aí, no virar de cada esquina, tropeçamos com gestos, linguagens e códigos, que se revelam no modo de pensar sentir e agir dos jovens e dos seus educadores. Quer queiramos ou não, estes rituais do currículo oculto marcam mais as vivências, as representações e as memórias colectivas dos protagonistas do acto educativo, do que qualquer outra influência do currículo formal.
Os professores que resistem e recusam perder a sua profissionalidade, aqueles que estão presentes e aceitam os novos desafios, são muitas vezes olhados como heróis sociais pelo modo como enfrentam o embate das mudanças, das pressões e das críticas injustas, por vezes acumuladas por mais de uma geração.
A escola, tal como a conhecemos hoje, é uma complexa comunidade educativa, com escassa autonomia nas dimensões curricular, pedagógica, administrativa e financeira, apesar do constante envolvimento da comunidade escolar e local.
Não estranha, que nesta escusada conjuntura de desalento e de fortes emoções, os profissionais do ensino com mais consciência social e cultural vejam os perigos que espreitam a escola pública, democrática e inclusiva, erguida sobre a estrutura de ensino elitista que o Portugal do pós Abril herdou da ditadura, mas que foi consolidando nestes últimos 50 anos.
Vivemos uma época de mudanças e clivagens abruptas que acompanham um mundo em grande instabilidade. Profundas alterações nos saberes, na organização das forças produtivas, na evolução das tecnologias da comunicação e da informação, nas alterações climáticas aceleradas, obrigam-nos a uma partilha global das matérias-primas, dos bens de consumo, dos padrões culturais e das políticas, as boas e as más, enquadrantes da designada economia de mercado.
Um dos aspectos que ressalta da mais recente produção, em matéria educativa, oriunda dos organismos da Comunidade Europeia, reporta-se a um novo entendimento da formação de professores que os prepare para assumirem a mudança permanente como uma das condicionantes do seu percurso profissional, num mundo global e de grande mobilidade das gentes e respectivas culturas.
As mais recentes políticas educativas têm recomendado aos sistemas educativos europeus um empreendimento comum: o de transmitir o saber e o saber fazer através de um conjunto de procedimentos, complexos e elaborados, para que o educando se insira na cultura do seu país, salvaguarde o seu património cultural, cujo principal suporte é a língua e, simultaneamente, adquira uma ética de tolerância, quanto à diversidade de valores e à multiculturalidade, no respeito pelas normas e regras das sociedades democráticas.
A qualidade na escola tem sido um tema de referência na investigação e na discussão entre os especialistas em educação organizacional.
Com o início de mais um ano escolar, no ensino superior recomeçam as rotinas académicas, os desafios da aprendizagem, os roteiros da camaradagem, a construção de percursos de vida.
A relação entre a ética e a educação é tão estreita e profunda, como o é a relação entre a concepção do sentido humano e a sua realização. Qualquer educador constata que é fundamentalmente ao nível da acção moral que a educação se projecta, pelo que a maioria dos actos humanos, sejam eles dos educadores, sejam dos educandos, colocam a ética no coração do pedagógico.
Nas escolas produz-se uma relação dialéctica entre a contribuição dos docentes para a eficácia dessas instituições, e a organização da escola enquanto determinante do desenvolvimento e do eficiente desempenho profissional dos professores que nela trabalham.
Para o bem e para o mal, os sistemas educativos europeus têm cumprido a tarefa de transmitir o saber através de um conjunto de procedimentos e processos, complexos e elaborados, para que os alunos se insiram na cultura do seu país e salvaguardem o seu património cultural, cujo principal suporte é, obviamente, a língua.
Já aqui referimos, em diferentes momentos, que a escola pública é a maior conquista educacional da sociedade portuguesa das últimas três décadas. Uma escola democrática, inclusiva, de todos e para todos, que valoriza a cidadania, a aprendizagem, a formação e a educação de crianças e jovens.
A escola, tal como a conhecemos hoje, é uma complexa comunidade educativa, com diminuta autonomia nas dimensões curricular, pedagógica, administrativa e financeira, apesar do constante envolvimento da comunidade escolar e local na tomada de decisões.
No seio da maioria das famílias portuguesas e na generalidade das instituições escolares os jovens são educados para desenvolverem uma cultura de procura de um emprego. Raramente os filhos e os alunos são incentivados à criação do seu próprio trabalho. Esta aparentemente pequena distinção de cultura organizacional e de posicionamento perante a vida revela-nos, todavia, a grande diferença entre os que se situam num modelo social dos primórdios do século XX e os que se integram na economia de mercado globalizante da sociedade da informação e do conhecimento.
Por toda a Europa se manifestam evoluções significativas quanto ao conteúdo a dar ao termo “qualidade em educação”. Todos os sistemas educativos tentam desenvolver procedimentos de qualidade, promover a qualidade de formação do seu corpo docente, fazer com que a educação e a formação sejam contínuas, isto é, ao longo da vida, bem com requalificar os gastos públicos com a educação, através de uma relação mais positiva entre custos e eficácia.