Este website utiliza cookies que facilitam a navegação, o registo e a recolha de dados estatísticos.
A informação armazenada nos cookies é utilizada exclusivamente pelo nosso website. Ao navegar com os cookies ativos consente a sua utilização.

Diretor Fundador: João Ruivo Diretor: João Carrega Ano: XXVIII

Universidade Estudo da UBI: Metade de Portugal sem notícias locais

17-10-2025

O estudo 'Desertos de Notícias Europa 2025: Relatório de Portugal' revela que 83 concelhos portugueses (55,5%) são considerados "desertos" ou "semi-desertos" de notícias. O relatório, da autoria de investigadores do LabCom da Universidade da Beira Interior, confirma que as desigualdades territoriais persistem, com a crise do jornalismo de proximidade a acentuar-se no interior do país. O número total de concelhos com problemas de cobertura noticiosa local aumentou ligeiramente de 166, em 2022, para 171.

O estudo apurou que 45 concelhos são "desertos totais" (não têm qualquer noticiário local), menos nove do que em 2022. O número de "semi-desertos" (concelhos com noticiários ocasionais) aumentou de 24 para 38. O relatório salienta ainda que 87 concelhos se mantiveram estáveis na classificação de "ameaçados" (têm apenas um meio de comunicação local regular).

As desigualdades territoriais são um desafio significativo. A ausência de meios de comunicação social concentra-se no interior do país, nomeadamente nas regiões do Alentejo e Trás-os-Montes. O Alto Alentejo é a sub-região mais crítica, com apenas 9 meios de comunicação para 103 mil habitantes. Em contraste, o litoral e as áreas metropolitanas não têm desertos de notícias, com a Grande Lisboa a registar apenas a Amadora como concelho "ameaçado".

O relatório sublinha o crescimento acentuado dos meios digitais, que se assumem como o suporte dominante. Desde 2022, foram criados 76 novos meios digitais, 65 dos quais exclusivamente online. Portugal contabiliza agora 891 meios regionais, dos quais 409 são digitais, 399 impressos e 263 rádios. A crise do jornalismo de proximidade, marcada por constrangimentos financeiros, tem comprometido o escrutínio político e a promoção da identidade local. A falta de cobertura noticiosa cria condições para a proliferação da desinformação. O estudo, que recorreu a dados oficiais da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), espera servir de apoio à criação de políticas públicas.

Voltar