A Universidade da Beira Interior (UBI) tornou possível “a refundação” da Covilhã, numa altura em que a indústria têxtil perdia competitividade.
As palavras são de Mário Raposo, reitor da UBI, durante as comemorações dos 50 anos de ensino superior na cidade, onde foi distinguido o primeiro aluno da universidade.
“Com a criação do ensino superior, deu-se início a uma nova era, a era do conhecimento, e com isso possibilitou-se a refundação da cidade da Covilhã e o surgimento de um farol de luz esclarecida para os territórios do interior”, enfatizou o reitor da instituição, durante a cerimónia que também assinalou a abertura oficial do ano académico na UBI.
Mário Raposo recordou a assinatura do decreto-lei, em 1973, que viabilizou a criação do então Instituto Politécnico da Covilhã, e o início das aulas, em janeiro de 1975, quando se implementou o ensino superior “nos territórios da Beira Interior”.
A decisão aconteceu numa altura em que “a indústria têxtil enfrentava já então a sua incapacidade para responder ao avanço da tecnologia no setor têxtil, o que conduziu à perda de competitividade das empresas e ao encerramento de grande número de unidades fabris”.
O reitor acentuou que a UBI é hoje uma instituição “prestigiada, académica e cientificamente”, que gera conhecimento, tem “uma clara motivação para a criatividade, para a inovação e para o empreendedorismo, para a imersão com o território” e trabalha “em estreita colaboração” com o meio envolvente.
“A UBI está claramente capacitada e aberta a participar em redes de colaboração, com vários tipos de agentes, procurando soluções vencedoras para o aproveitamento das ideias e descobertas provenientes da investigação das várias áreas científicas”, referiu Mário Raposo.
Essa lógica torna a instituição “um parceiro e um pilar fundamental” para a sociedade e para a região, considerou o reitor.
Com nove mil alunos, de mais de 50 nacionalidades, a UBI é “uma referência internacional”, sustentou o responsável, que voltou a alertar para o subfinanciamento da instituição, uma situação que começou este ano a ser corrigida pela tutela e espera que até 2027 possa “convergir para o orçamento real”.
A instituição “poderia ter feito muito mais, não fosse o subfinanciamento que as várias tutelas nos impuseram ao longo de 13 anos, entre 2009 e 2022”, reiterou Mário Raposo, referindo-se a mais de 60 milhões de euros “subtraídos e desviados dos orçamentos da UBI” durante esse período, o que entende ter sido “uma tremenda injustiça”.
Na cerimónia foi homenageado o primeiro aluno da instituição, José Carmindo Ramos, em representação de todos os outros, e Correia Pinheiro, um dos elementos da Comissão Instaladora do então Instituto Politécnico da Covilhã, para “distinguir aqueles que tiveram a visão estratégica para o lançamento da Instituição”.
Pedro Jacinto, presidente da Associação Académica da Universidade da Beira Interior (AAUBI), sublinhou que a UBI representa “50 anos de mudança de paradigma na cidade e na região”.