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Universidade Pandemia trouxe aumento no consumo de doces e bolachas

04-03-2022

No primeiro período de confinamento devido à pandemia de covid-19 houve um aumento no consumo de doces e de bolachas por parte da população dos países desenvolvidos.

Este é um dos resultados de um estudo internacional coordenado por Elsa Lamy, investigadora do Instituto Mediterrâneo para Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento da Universidade de Évora (UÉ) e que teve a participação de Maria Raquel Lucas, da Escola de Ciências Sociais, e Fernando Capela e Silva e Sofia Tavares, da Escola de Ciências da Saúde e Desenvolvimento Humano, também da UÉ, e ainda investigadores da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa (ESTeSL) e ​da ​Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto (FCNAUP).

Ao Ensino Magazine a Universidade explica que o estudo aponta diferenças no comportamento do consumo alimentar no primeiro período de confinamento devido à pandemia de covid-19.

Com base nos resultados apurados em 16 países é possível dar uma imagem mais global daquilo que são alterações nos hábitos alimentares provocados por uma situação extrema como a vivida em março-maio de 2020.

ELsa Lamy, citada na nota enviada à nossa redação, revela que "os resultados mostram que houve um aumento no consumo de alimentos doces, como bolos e bolachas, principalmente em países desenvolvidos e sobretudo no grupo de pessoas em que as motivações ligadas à busca de prazer e conforto, nos alimentos, é maior. Por outro lado, houve um aumento do consumo de hortícolas, frutas frescas e lacticínios no grupo de pessoas com maior escolaridade e mais motivadas pela saúde".

O estudo teve como "base três mil 332 respostas recolhidos em 16 países, sendo 72,8% na Europa, 12,8% na África, 2,2% na América do Norte (EUA) e 12,2% na América do Sul", diz a instituição.

Citados na mesma nota, os investigadores explicam que "as principais motivações percebidas para impulsionar a ingestão alimentar foram a familiaridade e o gosto, identificando-se dois clusters diferentes, com base na frequência de consumo alimentar, os quais foram classificados como mais saudável e não saudável".

Elsa Lamy considera que a formação é essencial na promoção de uma alimentação saudável. "A escolaridade, para além de contribuir para esta formação contribui também para maior segurança económica e menos ansiedade e isso reflete-se em menor necessidade de alimentos de conforto, como são os alimentos altamente palatáveis", esclarece.

Aliás, os resultados mostram que "os indivíduos com taxa de escolaridade mais elevada e cujo comportamento alimentar é  motivado por fatores relacionados com a saúde e ambiente são os que conseguiram esta mudança positiva”, enquanto que, pelo contrário, menor taxa de escolaridade ficou associado a “alterações no sentido de uma alimentação menos saudável em indivíduos cujas escolhas são principalmente motivadas pelo prazer, e regulação afetiva”.

Outro dado importante foi o aumento da confeção de alimentos em casa e o menor consumo de alimentos pré-preparados, apresentando resultados diferentes entre os tipos de grupos.

A investigadora  adianta que um dos aspetos que maior interesse lhe suscitou foi verificar a existência de dois grupos de participantes. Elsa Lamy esclarece: há “um em que as mudanças foram no sentido de uma alimentação mais saudável e outro cuja mudança induzida pela situação de confinamento resultou numa pioria dos hábitos alimentares”.

Apesar dos resultados, Elsa Lamy diz que as alterações alimentares nestas circunstâncias “não devem ser generalizadas a toda a população observando-se variações em sentido diferente, consoante os fatores que motivam o consumo. Pensa-se que este conhecimento possa ajudar a definir estratégias mais eficazes, na medida em que as mesmas possam ser ajustadas em função das características de cada indivíduo", o que pode ser benéfico para a promoção e adoção "de uma alimentação saudável e sustentável”.

Outro dado que resultou do estudo, é que se as pessoas tiverem condições, vão cozinhar mais em casa, aumentam o consumo de hortícolas e até consomem mais alimentos em comércio de proximidade.

Para Elsa Lamy, o estudo “tem a grande mais-valia de ter permitido recolher dados em 16 países e dar uma imagem mais global daquilo que são alterações nos hábitos alimentares provocados por uma situação extrema como a vivida em março-maio de 2020”.

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