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Descoberta em Coimbra Nova dieta para peixes

19-05-2022

Uma equipa de investigadores portugueses e franceses, liderada por Ivan Viegas, do Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra (UC), testou, com sucesso, uma nova dieta para peixes de aquacultura, utilizando glicerol como ingrediente alternativo, que pode ajudar a solucionar um dos grandes desafios desta área de negócio, que se confronta com o elevado preço das rações, as quais nem sempre são tão sustentáveis como se pretendia.

O projeto, que, além da Universidade de Coimbra, integra investigadores do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) e do Instituto Nacional da Agricultura, Alimentação e Ambiente de França (INRAE), apostou no glicerol, “um subproduto da indústria do biodiesel cujo aumento de produção global levou o glicerol a tornar-se num ingrediente abundante, disponível e atestado como seguro, pelas autoridades europeias para a segurança alimentar, para utilização em rações animais. Com a crise de combustíveis que se avizinha, será até expectável que a produção de biodiesel aumente. Urge, portanto, encontrar utilizações para os seus subprodutos”, afirma o líder do estudo.

O glicerol tem sido utilizado com sucesso como ingrediente alternativo para a suinicultura e avicultura. Para avaliar a fiabilidade, performance e limitações na utilização de rações suplementadas com glicerol, assim como as suas consequências, foram testadas duas importantes espécies de peixes de viveiro em Portugal, a truta arco-íris e o robalo. As dietas experimentais preparadas pelos cientistas, suplementadas com 2.5% e 5% de glicerol, foram digeridas de forma eficiente por ambas as espécies.

Isto significa, esclarece o investigador da UC, “que há margem para a incorporação do glicerol na dieta destas espécies”. Além disso, realça, “analisámos o fígado das espécies testadas, o principal órgão de regulação de toda a ‘maquinaria metabólica’, e, com a ajuda dos nossos parceiros do INRAE, em França, verificámos não haver alterações da regulação enzimática do metabolismo hepático destes peixes pelo glicerol”.

O estudo, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), foi desenvolvido nos últimos quatro anos e originou várias publicações científicas, a última na revista Frontiers in Marine Science, na edição dedicada ao tema Feeding a Sustainable Blue Revolution: The Physiological Consequences of Novel Ingredients on Farmed Fish.

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