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Diretor Fundador: João Ruivo Diretor: João Carrega Ano: XXVII

Universidade Universidade de Évora quer reforçar presença na região

02-11-2022

A reitora da Universidade de Évora (UÉ) anunciou a intenção de “retomar o processo de construção das novas instalações do Ciemar, em Sines”. Hermínia Vilar falava da necessidade de reforçar a presença da instituição que dirige em Sines, durante a sessão solene do Dia da Universidade de Évora, no passado 1 de novembro.

“O investimento, anteriormente aprovado no quadro do financiamento regional, foi abandonado em virtude do aumento dos preços de construção, o que nos obrigará a procurar financiamento específico para o apoio a esta construção de importância central para a afirmação nacional e internacional da Universidade”, começou por referir na sessão que contou com a presença da Ministra da Ciência e Ensino Superior, Elvira Fortunato e do novo diretor geral do Ensino Superior, Joaquim Mourato.

A relação da Universidade com a região e com o país é um compromisso assumido pela equipa reitoral que este ano foi eleita, assegurou Hermínia Vilar. “Ainda em ligação com Sines fomos, nos últimos dias, aceites na comunidade SinesTech- Innovation &Data Center Hub”, disse, para depois destacar a necessidade de revitalizar “os polos que a Universidade tem em diferentes locais. Alter do Chão é um desses espaços onde, em articulação com o município e a Companhia das Lezírias, esperamos poder ter uma presença mais contínua”.

Neste ano letivo entraram 3300 novos alunos nos diferentes graus de ensino ministrados pela UÉ. No Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior 97 por das vagas disponibilizadas para as licenciaturas ficaram preenchidas na primeira fase. Os números positivos colocam também grandes desafios à universidade e à própria cidade.

Hermínia Vilar dá o exemplo do alojamento e da dificuldade que os estudantes têm nessa matéria, apesar do investimento previsto de nove milhões de euros para residências (o assunto viria também a ser referido pelos presidentes do Conselho Geral, João Carrega, e da Associação Académica, Henrique Gil).

“A recente assinatura do Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior permitirá a requalificação das residências existentes e a disponibilização de mais 105 camas, mas não irá, de forma alguma, solucionar o problema existente. A solução deste problema exige mais protagonistas e maior capacidade de ação na tomada de decisão”, explica a reitora.

 

Rejuvenescimento, reestruturaçãoe carreira docente

 

Numa outra perspetiva a reitora aborda a questão da reestruturação e rejuvenescimento do quadro de pessoal da UÉ. Hermínia Vasconcelos Vilar considera que esse é um dos grandes desafios da Universidade. “O ritmo de aposentações tem-se mantido elevado ao longo dos últimos anos e manter-se-á como tal no futuro, resultado de uma geração que atinge a idade da reforma. Este ritmo de aposentações coloca a Universidade perante a necessidade imperiosa de, em grande número e num curto espaço de tempo, substituir docentes e não docentes. Mas num quadro de subfinanciamento tal recrutamento não é fácil nem assegurado, já que as verbas não são diretamente transponíveis, nem permitem a convivência intergeracional entre jovens professores auxiliares e professores mais avançados na carreira. Contudo, urge planificar e fazer opções”. Nesse sentido, diz, “solicitei a todas as unidades orgânicas, bem como aos serviços, através da administradora, e na linha do que estava disposto no meu programa de candidatura, uma previsão de evolução dos recursos humanos, para a partir desses contributos encetarmos um levantamento das necessidades e definirmos uma planificação detalhada dos ritmos e das áreas de recrutamento de pessoal”.

A progressão da carreira docente é vista pela reitora da UÉ como um dos objetivos da sua ação na linha ação, tendo em conta o que é imposto pelo Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES). “Incluímos na previsão do orçamento para 2023 a realização de um número mínimo de concursos que nos permitissem chegar ao 50% de professores associados e catedráticos por Universidade e unidade orgânica. Contudo essa previsão pode ser questionada se o financiamento do próximo ano não for revisto de forma a fazer face aos crescentes encargos com que as Instituições de Ensino Superior se confrontam”.

Já ao nível da investigação, Hermínia Vilar aponta o reforço e a reorganização dos Serviços de Ciência e Cooperação como um objetivo: “a renegociação e a assinatura gradual das nove agendas mobilizadoras que a Universidade de Évora integra num total de financiamento que ronda os 13 milhões de euros, o encerramento de um quadro de financiamento regional e o início de um novo, bem como a necessidade de multiplicar o número de candidaturas bem-sucedidas a diferentes programas, ditou já o início de um processo de reforço e de reorganização dos Serviços de Ciência e Cooperação. Esperamos, em breve, conseguir igualmente reforçar, em particular, a Divisão de Gestão de Projetos dos Serviços Administrativos e desta forma dar mais suporte às candidaturas e aos responsáveis pela apresentação de candidaturas e pela gestão dos projetos”.

 

 

Formação e apostaspara o futuro

 

No que concerne à oferta formativa, Hermínia Vilar destaca o compromisso da academia com a formação de professores. “É nossa intenção submeter, até 15 de novembro, quatro novas formações de 2º ciclo na área da formação de professores, respondendo desta forma a uma necessidade real do país”.

De igual modo, reitera a aposta em “áreas que consideramos chave e que cruzam a investigação e a formação. Refiro-me em particular à área das Energias Renováveis bem como à área da Inteligência Artificial e Gestão de Dados, campos em que a Universidade de Évora tem competências instaladas e reconhecidas”.

Hermínia Vilar revela ainda que ao nível da Medicina Veterinária será feita a acreditação internacional desta formação. “Está igualmente em estudo a possibilidade de estabelecer um plano de investimento anual e gradual na recuperação de infraestruturas e equipamentos da Mitra”, acrescenta.

A criação de um curso de medicina na UÉ é um processo que, no entender da reitora, “exige tempo e planeamento e dificilmente se coadunava com calendários marcados pelo imediatismo. Pelo que dou prioridade neste momento à criação de condições para a construção da Escola de Saúde que gostaria de ver ser construída junto ao futuro Hospital Central do Alentejo”. Ainda na área da saúde, defende que a formação em enfermagem “assuma o perfil da instituição de ensino superior em que se insere”.

 

 

Universidade de Évoraquer mais financiamento

 


A reitora da Universidade de Évora considera que o aumento de orçamento previsto para 2023, na ordem dos 2,7%, que se traduz num acréscimo de um milhão de euros, não é “suficiente para fazer face a todos os aumentos com os quais a Universidade se confronta já este ano e com os quais se irá confrontar no próximo ano. Os encargos com a eletricidade duplicaram quando comparados com 2019, ano considerado normal, tornando a fatura a pagar um ónus de peso incomensurável no orçamento da instituição”.

Para além da eletricidade, também o gás, os combustíveis e os bens de consumo “necessários à confeção das refeições nos refeitórios e cujos preços têm aumentado de forma sucessiva”.

Hermínia Vilar realça o facto de no orçamento deste ano contemplar “os aumentos previstos para os técnicos superiores e os assistentes operacionais no valor total de 180.000 euros, mas estes aumentos terão um novo impacto no orçamento do próximo ano, ao qual se irão juntar as atualizações salariais, as alterações do posicionamento remuneratório decorrentes da avaliação SIADAP, sem esquecer os efeitos da inflação nos preços”.

Hermínia Vilar revelou ainda que o orçamento de Estado não cobre, “as despesas com os salários sendo sempre necessário recorrer a receitas próprias. Situação que no caso da Universidade de Évora assume uma particular importância dada a estrutura de campus que nos caracteriza. Ao contrário de muitas outras instituições, a opção feita pela Universidade de Évora, desde a sua refundação, foi a de olhar a cidade como o seu espaço de implantação preferencial, dispersando assim a sua atividade por múltiplos edifícios ao longo da cidade e que se espraiam até ao polo da Mitra, num total de mais de 30 construções, muitos deles históricas”.

A insuficiência do financiamento por parte do Orçamento de Estado foi reforçada pelo presidente do Conselho Geral: “Os 38 milhões 211 mil 627 euros destinados pela tutela para a UÉ em 2023 (a que se somam 900 mil euros para os serviços de ação social) não serão suficientes para assegurar os pagamentos das despesas com o pessoal, que deverão atingir os 49,3 milhões de euros (embora neste valor haja uma pequena verba suportada pela FCT). É certo que face ao ano passado registou-se um aumento de 2,7% na verba atribuída pelo Estado, mas o mundo também mudou”.

João Carrega deu como exemplo o custo da energia. “Só na Universidade de Évora, a estimativa dos custos com a eletricidade representa um aumento de cerca de um milhão de euros face a 2019, que foi o último ano em que não houve restrições de funcionamento provocadas pela pandemia. Face a 2020, esse aumento é de cerca de um milhão e 200 mil euros. Se da parte do Estado não existirem apoios, certamente que as instituições de ensino superior, como a Universidade de Évora, não conseguirão ou terão muitas dificuldades em suportar tais aumentos”, disse.

A alteração à fórmula de financiamento, anunciada pela Ministra, mereceu atenção por parte do presidente do Conselho Geral da UÉ: “há um conjunto de aspetos, para além da qualidade de ensino e investigação, do número de alunos ou qualificação do corpo docente que devem ser tidos em conta. Falo da questão da interioridade e dos custos acrescidos que as instituições de ensino superior aí instaladas, como a Universidade de Évora, têm face a outras localizadas nos grandes centros; e falo também dos campus cidade, isto é das instituições, como a Universidade de Évora, que têm as suas estruturas espalhadas pela cidade, preservando desta forma edifícios históricos, cujo funcionamento, manutenção e requalificação é sempre mais onerosa, do que se todas as estruturas estivessem num mesmo campus, onde também não seria necessário duplicar serviços”.

 

Lição inaugural dedicada à saúde

 

Manuel Lopes, diretor da Escola de Enfermagem São João de Deus, proferiu a lição inaugural do Dia da Universidade de Évora. Tendo como tema “O cuidado como determinante de saúde”, a sua intervenção abordou a importância do autocuidado familiar para o bem-estar. Na sua perspetiva esse autocuidado “permite-nos viver mais e melhor, com mais qualidade de vida e bem-estar, as estatísticas demostram-nos claramente”.

O professor considera que os cuidados centrados na pessoa “incluem respeito, autocuidado e preservação da relação de apego e de suporte social”. Para Manuel Lopes “a integração de cuidados implica que a pessoa encontre o cuidado que precisa, quando precisa” ou seja, é necessário “que os serviços de saúde sejam transparentes, suaves e fáceis de navegar”.

Manuel Lopes sublinhou que é necessário “garantir que as pessoas tenham um acesso oportuno aos serviços de saúde, e quando necessário sejam facilmente conduzidas para o serviço que lhes seja adequado, incluindo o acesso aos serviços que possam ser prestados em casa”.

O docente defendeu ainda que “o cuidado enquanto determinante de saúde, devolve centralidade, poder e dignidade a cada um de nós, e responsabiliza-nos pela saúde e bem-estar individual e coletiva”. Consequentemente, a continuidade de cuidados "está alinhado e compromete-nos com os objetivos do desenvolvimento sustentável”.

Na cerimónia intervieram ainda a representante do pessoal não docente, Manuela Santos (destacou o papel dos funcionários não docentes e não investigadores, considerando as suas funções como insubstituíveis para o funcionamento da Universidade) e o presidente da Associação Académica, Henrique Gil (focou a sua intervenção na falta de oferta de alojamento estudantil e na necessidade de se apostar em políticas de saúde mental).

 

Évora premeia o mérito

 

O Ensino Magazine atribuiu uma bolsa de mérito a um dos melhores alunos da instituição. O prémio monetário pretende reconhecer o esforço de todos os estudantes e premiar aquele que mais se destacou. A entrega foi feita a Diogo Filipe Raimundo Cinza, estudante de Engenharia Informática, com a média de 16,5 valores, pelo gestor de eventos da publicação internacional, Francisco Manuel.

Este foi um dos prémios com que a academia distinguiu os seus melhores alunos, tendo sido atribuídas as bolsas da Caixa Geral de Depósitos (a Renato Góis Pirocas); Fundação Eugénio de Almeida (Ana Beatriz Rodrigues, Ana Catarina Capelo Pinto e António Luís Prates Carlinhos); Universidade de Évora (Inês Sofia Calmeirão Sabarigo); Professor Peter Vogelaere (Ana Sofia Rosado Pinto).

Um dos momentos altos foi a atribuição do Prémio Carreira Alumni, que visa reconhecer um diplomado) que se tenha destacado pela sua carreira profissional e cívica, tendo sido entregue a Ana Cristina Serralheiro Falcato, alumna da Licenciatura em Filosofia e atualmente investigadora no Instituto de Filosofia da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

A cerimónia distinguiu ainda os trabalhadores docentes e não docentes mais antigos da UÉ. Receberam as medalhas entregues da Reitora da Universidade de Évora, Vicente Jerónimo Fevereiro Pereira, Assistente Técnico da Divisão de Projetos e Obras que iniciou funções como técnico profissional de 1ª classe Desenhador no dia 10 de novembro de 1978, há 44 anos e Carlos Alberto Falcão Marques, Professor do Departamento de Gestão da Escola de Ciências Sociais, na Universidade de Évora desde 2 de março de 1980, registando 42 anos no ensino universitário.

Como tem sido habitual, foram ainda entregues as insígnias doutorais aos novos doutores formados pela UÉ.

A cerimónia contou com a atuação do coro CORUÉ, grupo de câmara vocal especializado do curso de Licenciatura em Música da Escola de Artes da Universidade de Évora, sob direção do maestro Pedro Nascimento e Ensemble Vocal Manuel Mendes.

As comemorações prolongam-se durante o dia, com a inauguração da Exposição itinerante intitulada “Arquimedes da Silva Santos: onde vai a minha voz?” patente no Corredor da Sala das Bellas Artes do Colégio do Espírito Santo, a apresentação do livro “Arquimedes da Silva Santos: um homem (fora) do seu tempo” na Sala das Bellas Artes do CES, terminando o dia com um concerto pela Orquestra de Sopros da Escola de Artes da UÉ, no Auditório Christopher Bochmann, Colégio Mateus D`Aranda, dirigido pelo maestro Francisco Sequeira.

Manuela Santos, representantes dos funcionários não docentes

Manuela Santos, representantes dos funcionários não docentes

Henrique Gil, presidente da Associação Académica

Henrique Gil, presidente da Associação Académica

Concerto da Orquestra de Sopros da Escola de Artes

Concerto da Orquestra de Sopros da Escola de Artes

Estudantes muito presentes na cerimónia

Estudantes muito presentes na cerimónia

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