Academia Portuguesa das Artes e Ciências Cinematográficas formalizou-se em Julho de 2011 e instituiu os Prémios Sophia, para reconhecer o que de melhor se faz no cinema em Portugal, sendo a primeira edição de 2012. Mea culpa por nunca termos falado aqui deste evento. Mas, como vale mais tarde do que nunca, este ano acompanhámos a cerimónia do passado dia 21 de Maio.
E o vencedor foi: Alma Viva, da realizadora luso-francesa Cristèle Alves Meira. Com 13 nomeações, era o favorito. Esta foi a primeira longa-metragem da cineasta que juntou ainda o Sophia de melhor argumento original em co-autoria com Laurent Lunetta. Produzido pela Midas Filmes consta da sinopse: “Como todos os anos no Verão, a pequena Salomé regressa à aldeia natal da sua família, nas montanhas de Trás-os-Montes, para passar as férias.
É um tempo de festa e de descontração, mas de repente a sua adorada avó, morre.
Enquanto os adultos se disputam por causa do funeral, Salomé é assombrada pelo espírito daquela que na aldeia era vista como uma bruxa, a sua avó.» Lua Michel, a pequena Salomé, ganhou o prémio de melhor actriz, ela que é filha da realizadora, tornando-se assim a mais jovem intérprete a lavar o galardão, nesta que foi a 12ª edição. Também Ana Padrão levou o prémio de melhor atriz secundária, somando o filme ainda os Sophia de melhor direcção de fotografia, para Rui Poças e de melhor caracterização/efeitos especiais para Olga José e Filipe Pereira, Júlio Alves e Julien Michel.
Batendo-se taco a taco com o vencedor, Restos do Vento, valeu a Tiago Guedes o prémio de melhor realização, o segundo que o cineasta, pois já havia sido galardoado em 2020 com A Herdade, tendo Albano Jerónimo levado o de melhor actor, ficando ainda com um terceiro galardão para Nuno Lopes como melhor actor secundário.
Também com três prémios ganhos esteve Um Filme Em Forma De Assim, de João Botelho, com o de melhor som para Francisco Veloso, Paulo Abelho e Joana Niza Braga, melhor argumento adaptado, para João Botelho e Maria Antónia Oliveira, da obra “Uma Coisa em Forma de Assim”, de Alexandre O’Neill e melhor direcção de arte, para Cláudia Lopes Costa.
A Viagem de Pedro, com realização de Laís Bodasky, com dois prémios, melhor guarda-roupa, para Marjorie Gueller, Joana Porto e Patrícia Dória e melhor maquilhagem e cabelos para Rita Castro e Vanessa Duarte. Por seu lado Lobo e Cão, de Cláudia Varejão ganhou um, o de melhor montagem, para João Braz, professor na UBI, que a título individual ainda arrebatou o prémio para melhor trailer.
O melhor documentário em longa-metragem foi para Cesária Évora, realizado por Ana Sofia Fonseca e o de curta-metragem foi para Diogo Varela Silva por João Ayres, Pintor Independente. Nas curtas de ficção o prémio foi para By Flávio, de Pedro Cabeleira. Já nos prémios para televisão, Causa Própria, com realização de João Nuno Pinto recebeu o Sophia de melhor série ou telefilme.
Na secção de animação o vencedor, como era previsível, foi Ice Merchants, de João Gonzalez, candidato aos Óscares da Academia, mas de Hollywood!
Na música Mário Laginha foi distinguido com o prémio de melhor banda sonora original para Campo de Sangue, de João Mário Grilo e o de melhor canção original foi para Amar em Segredo, de Armando Teixeira e interpretação de Carmen Santos, do filme A Fada do Lar, de João Maia.
Já o Sophia de melhor filme europeu foi para O Acontecimento, de Audrey Diwan. Foram ainda distinguidos com o prémio carreira o argumentista e realizador Carlos Saboga e o produtor Paulo Trancoso.
João Salaviza e Renée Nader Messora premiados em Cannes
A Flor do Buriti, do português João Salaviza e da brasileira Renée Nader Massera, com a comunidade indígena Krahô, que já anunciáramos aqui que foi seleccionado para o Festival de Cannes deste ano, venceu o Prix d’Ensemble (para o melhor elenco) da secção Un Certain Regard, com o prémio principal a ser entregue a How to Have Sex, da directora de fotografia e realizadora britânica Molly Manning Walker. Mais um prémio para esta parceria que tem sido reconhecida nos últimos anos, sendo que Salavisa e Massera já tinham arrebatado o grande prémio do júri em 2018, com Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos.
Até à próxima e bons filmes.
Este texto não segue o novo Acordo Ortográfico