O Politécnico de Portalegre atribuiu a António Cachola, administrador do Grupo Delta e um dos importantes colecionadores de arte contemporânea do país, o título de Doutor Hororis Causa. Esta foi a primeira vez que uma instituição politécnica fez essa distinção. A cerimónia decorreu no passado dia 28 de fevereiro, numa sessão presidida pelo ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre.
Num auditório repleto, onde marcaram presença os antigos ministros da Cultura Pedro Adão e Silva e Graça Fonseca, e outros ex-governantes como António Mendonça, Nuno Severiano Teixeira, Ricardo Pinheiro ou Paulo Macedo (patrono da iniciativa), para além de artistas internacionais, de muitos amigos como João Nabeiro, e familiares, Fernando Alexandre sublinhou o facto da atribuição do Doutoramento Honoris Causa em Portalegre ser “muito importante, porque é o primeiro doutoramento conferido por uma instituição politécnica em Portugal, é um momento marcante no nosso sistema de educação superior".
Já antes Luís Loures, presidente do Politécnico de Portalegre, tinha realçado o facto “deste Doutoramento Honoris Causa ser importante para a nossa instituição, mas também para a história do ensino superior politécnico português”
Emocionado, António Cachola - que o presidente do Politécnico considera um visionário e um dos mais importantes agentes da arte contemporânea no país - agradeceu a atribuição do galardão ao Politécnico, “a todas as pessoas que me trouxeram aqui”, destacando a esposa, a filha e a família Nabeiro.
Num discurso objetivo, o primeiro Doutor Honoris Causa de uma instituição politécnica, falou do seu percurso mas também do conceito de fronteira. “A fronteira é inventada e também mata. Trabalhemos juntos e ativamente até vermos o fim da última fronteira”, realçou.
Coube a Albano Silva, ex-presidente do Politécnico de Portalegre, ser o 'elogiador' de António Cachola. O agora provedor do estudante lembrou o percurso ímpar do homenageado e o tempo em que, quando jovem, jogava futebol ou participava em provas de atletismo. Também Paulo Macedo abordou o passado desportista de António Cachola, lembrando que na vida empresarial e cultural é um maratonista.
O comendador António Cachola nasceu em Elvas, distrito de Portalegre, em 1954, e após terminar a licenciatura em Economia iniciou uma carreira ligada à gestão, com funções de direção executiva nas áreas administrativa e financeira.
Em fevereiro de 1981, integrou a empresa Delta-Cafés, na qual permaneceu como diretor financeiro até 2020.
A par da sua carreira profissional, António Cachola desenvolveu o seu gosto pela arte moderna e contemporânea iniciando, em 1990, atividade cultural enquanto colecionador.
O Museu de Arte Contemporânea de Elvas (MACE) abriu as suas portas ao público em 2007 e, desde essa altura, tem acolhido permanentemente peças do seu vasto espólio.
Em 2013, recebeu a Comenda da Ordem do Mérito Civil, concedida pelo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.