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Diretor Fundador: João Ruivo Diretor: João Carrega Ano: XXVIII

Opinião Vidas mais longas e saudáveis

Vidas mais longas, mas também mais pessoas com diminuição cognitiva acentuada e demência.
Como prolongar vivências activas e saudáveis?
Desenvolvendo todo o potencial com que nascemos e encarar a reforma não como o fim, mas a transição para um novo tipo de contribuição, uma nova forma de participar.
Não há, por enquanto, drogas que travem a morte da célula nervosa e das sinapses, apenas poderemos atenuar alguns sintomas.
Durante anos e, ainda hoje, a saúde concentrou-se na sua dimensão quimico/biológca, médica, mas não é, não pode ser assim. A saúde assenta também e diria fundamentalmente, na sua prevenção e promoção. É uma tarefa da reponsabilidade do próprio, de todos, da sociedade.
O ambiente, hábitos de vida, alimentação incorreta, provocam danos potenciais e doença, mesmo na ausência de fragilidades próprias ou hereditárias.
Cabe-nos, portanto, desenvolver e reforçar os mecanismos de prevenção e encarar o organismo como um todo, onde o cérebro é o principe dos orgãos, funcionando em conjunto com os outros e com o ambiente externo e ao responder aos estímulos, envolve todo o organismo no processo cognitivo.
A prevenção tem de começar mesmo antes de nascer e prolongar-se por toda a vida.
Só envelhecemos quando deixamos de cuidar da nossa saúde e perdermos a curiosidade, o desejo de saber,a capacidade de interagir, de pensar e compreender o mundo. Só envelhecemos se deixarmos de alimentar a criança que habita em nós, mesmo que tenhamos de lhe administrar alguns biberons!
A criança nasce com muitos neurónios, mas com reduzidas ligações entre eles. É a sua curiosidade, a sua movimentação constante, o desejo de saber e compreender o que a cerca, o convívio, os estímulos que recebe, o afeto que originam a multiplicação das ligações entre eles, as chamadas sinapses, onde se dão os processos de plasticidade, base estrutural das funções superiores.
As sinapses são o CENTRO de COMANDO têm a capacidade de se multilplicarem, amentando o número de circuitos, de se transformarem, modificar a sua forma, aumentando o número de sensores e ligações, potenciando a capacidade e eficiência do cérebro.
O número de células que o constituem é enorme - 200 mil milhões -, comparável aos pontos luminosos da Via láctea e a atividade cerebral resultante da interação, através das sinapses, deste grando conjunto de neurónios, permite-nos pensar, sentir, compreender, lembrar e decidir.
Michele Matteo, investigadora que tem passado parte da sua vida a estudar as sinapses, afirma: um orgão “contraditório, poético, rigoroso, surpeendente, dotado de uma capacidade inesgotável de inventar e imaginar mundos. O cérebro humano é o objecto mais complexo do universo conhecido”.
Em linguagem informática quanto maior for o número de transistores, que são as sinapses, maior será a capacidade do shipe, o cérebro e, organismo o Robô perfeito, sonho dos investigadores.
Mas não basta desenvolver é necessário manter, continuar curioso, desejoso de saber e compreender, porque as funções que não se usam perdem-se. Usar ou perder. Temos, portanto, diria mesmo somos obrigados a continuar estimulação mental, a actividade física, a vida social, momentos de relaxamente e sono reparador.
A base da estimulação mental é a variedade. Deve envolver todas as áreas do cérebro - leitura, passa tempos, como jogar as cartas, visitar exposições, ouvir músuca ,cantar, aprender a tocar um instrumento e ainda, seria muito útil, aprender uma língua estrangeira. É um estímlo excelente - ativa os dois hemisférios cerebrais, reforçando as suas ligacões. O esquerdo quando fala, o direito na compreensão de um texto falado ou escrito.
A aprendizagem contínua aumenta a reserva cognitiva, património de ideias, palavras e significados que se constroi gradualmente, com o estudo, a leitura, o relacionamento.
A vida sociai é um componente essencial do bem estar cerebral e comtribui, também, para o desenvolvimento da Inteligência Emocional (autoconsciência, autonomia, motivação, empatia, competênia social).
Quem vive isolado tem mais mercadores inflamatórios do que aqueles que manteêm contactos frequentes;
Atividade motora aliado contra o declínio mental e físico. Aumenta a capacidade da formação de sinapses, tornando os circuitos cerebrais mais plásticos. Reduz o declinio mental e a perda do volume da massa cinzenta e é mais eficaz quando praticado em contexto social.
A actividade motora também fortalecer os músculos, prevenindo as quedas e com mesma finalidade, quando subir escadas, apoie toda a planta do pé no degrau. Deve ainda fortalecer os músculos da face, incluindo os labiais, evitandando o escorrimento pelos cantos da boca, o “babar-se” e o enrolamento das palavras na boca, dificultando a sua perceção.
Pela sua importância volto a referir alimentação. É muito influenciada pelas culturas, preconceitos, mitos, mas regra geral: metade legumes, ¼ proteinas e ¼ hidratos de carbono.
Reformados. Como podemos mantê-los socialmente activos, produtivos e reconhecidos?
É necessário mudar a narrativa. A reforma não pode ser sinónimo de fim, mas transição para um novo tipo de contribuição, para uma nova forma de participar.
Em 2020 o Journal of Aging and Health publicou um estudo onde demonstrou que os individuos, que mantêm, após a reforma, algum tipo de trabalho, remonerado ou não, apresentam redução 25 a 30% no risco de depressão e maior preservação das funções cognitivas, um outro da Harvard School of public Health acompanhou mais de 12.000 reformados e concluiu que continuar ativo profissionalmente, reduz até 15% o risco de mortalidade precoce e proporciona estrutura temporal, sentido de identidade, relações sociais, sentimento de utilidade. O desaparecemento destes estimulos reduz o número de sinapes e de circuitos cerebrais e surge o declinio cognitivo, a perda de autoestima e a motivação, com pesados custos familiares e económicos.
A sociedade está envelhecida. Em Portual, segundo INE em 2023 havia 3 millões de reformados para 5,4 milhões de ativos.
Enfrentamos um enorme desafio, não só no nosso pais, só lhe responderemos com importantes reformas a nivel cientifico, cultural, social, empresarial e económico, o que implica: repensar políticas laborais e de reforma; promover a flexibilidade de emprego senior; modelos híbridos de trabalho, que combinem experiência com as novas tecnologias; horários adaptáveis; programas intergeracionais que permitam aos mais velhos transmitir conhecimento e valores, fortalecendo o tecido social e diminuindo o fosso entre gerações.
Tarefas possiveis com a colaboração do governo, das empresas, do ensino, das autarquias, das organizações da sociedade civil e com a inclusão dos reformados, porque reformas entre instituições e pessoas há sempre em terceiro elemento, a relação.
Desenvolver projectos piloto que testem modelos de trabalho senior, avaliando o impacto na saúde e produtividade e, criar indicadores de partipação pós- reforma. É um tarefa de investigação.
A ciência e a sociedade devem ser o motor desta transformação porque envelhecer ativamente não é apenas viver mais, é viver com projetos, com utilidade e com reconhecimento social. A longividade é um activo e não se mede em anos vividos, mas em anos participados.
No concreto o reformado para se manter activo deve:
Cuidar da mente aprendizagem contínua, requentar curso, assistir a palestras ou grupos de discussão, escrever memórias.
Partilhar experiências com jovens profissionais ou empreendedores. Voluntariara-se para partilhar trabalho em escolas, em assofciações, pois o sentimento de utilidade é uma chave para o bem estar emocional...
Cuidar do corpo caminhadas diárias, hidroginástica, Yoga e musculação...
Desenvolver hobbies e creatividade pintura, marcenaria, jardinagem, aprender a usar as ferramentas digitais, restaurar objectos...
Fortalecer laços sociais convívio com família e amigos, participar em grupos, clubes...
Expolorar novos projetos consultorias, participar em em causas como o ambiente, a cultura as religiões...
Organizar o dia mantendo rotinas estruturantes (horas de deitar de levantar e horas de refeições, programar horas de leitura...
Antes de terminar gostaria de fazer um comentário dirigido às gerações mais novas.
A evolução não terminou como diz Yuval Harari. Depois de milhões de anos da criação do mundo, surgiram as diversas espécies de hominidíos como o Erectus, o Neandertal e muitos outros e há 300.000 anos surgiu o Homa Sapiens, que somos nós, mas não sabemos bem o que nos reserva o futuro.
O desenvolvimeto acelerado das novas tecnologias, as novas fontes de energia e mobilidade, as nanotecnologia com capacidade de criar dispositivos, com propriedades únicas, (a Neorlink, sociedade neurotecnológica de Elaon Musk e outos, está a desenvolver interfaces cérebro-computadores) a biotecnologia e a aprendizagem automática, a IA em evolução acelerado, são tecnologias com potencial para facilmente manipular as nossas emoções e os desejos mais profundos dos seres humanos.
Correremos o risco do um conflito entre Super-humanos, equipados com os algoritmos e, uma sub classe de homo sapiens, controlada por aqueles?
Espero que não. A tecnologia não é uma coisa má e não devemos, nem conseguiriamos detê-la, mas homem tem também de evoluir, conhecer-se a si prório, saber o que quer da vida, desenvolver o pensamento critco, a comunicação, a colaboração e a criatividade e, com os novos computadores, a caminho, que funcionarão por ordens da mente, teremos á nossa disposição, em cada instante, os dados necessários para prosseguirmos e conseguir o que queremos.
Será o homem a dominar a máquina e não o contrário.

Fernando Dias de Carvalho