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As escolhas de Valter Lemos Moto Guzzi V100 – Alta-costura italiana

14-03-2023

A Itália continua a ser a pátria da “alta-costura” de carros e motos. É verdade que a indústria italiana, passou por um processo de reorganização nas últimas décadas, designadamente com a aquisição de várias marcas por grupos de outros países, mas isso não impediu que alguns se tivessem mantido como a Ferrari nos carros e o Grupo Piaggio (Aprilia, Moto Guzzi, Vespa e Piaggio) nas motos. Além disso os que foram adquiridos por capitais estrangeiros ou objeto de fusões acabaram por manter a operação que tinham em solo italiano, como a Lamborghini nos carros ou a Ducati nas motos, ou mudaram a produção para países como a China, mas mantiveram as estruturas de design, engenharia e desenvolvimento em Itália, tentando manter uma imagem “italiana”, como a Benelli.

A verdade é que as mais belas máquinas da história das motos e dos automóveis tiveram e têm origem em Itália.

Vem isto a propósito da nova Moto Guzzi V100. A marca é uma das mais antigas do mundo (já completou 100 anos) e é a única cuja produção foi sempre feita no mesmo local até hoje – Mandello del Lario.

Depois do sucesso da trail V85TT, a Guzzi lançou uma nova mota na comemoração dos seus cem anos: a V100. Uma moto única em vários aspetos. Desde logo não se insere especificamente num segmento. A mota é uma mistura de uma turística com uma desportiva. O seu motor de 1042cc e 105 cv é o primeiro de refrigeração por líquido da Moto Guzzi, mantendo a arquitetura em V que é uma imagem de marca com as cabeças dos cilindros bem salientes de cada lado da moto. E, para além de outros pormenores menos vulgares, é a primeira moto de série no mundo a ter um sistema de aerodinâmica adaptativa. Duas asas que se abrem nas laterais do depósito para contribuir para o conforto do condutor, especialmente em longas viagens, conseguindo diminuir em 22% a pressão de ar no corpo. As asas abrem e fecham conforme a programação que seja feita ou de acordo com o modo de condução selecionado, de entre os 4 possíveis.

A transmissão é, como sempre, por veio e cardan, podendo a caixa dispor de um sistema quick-shift. As suspensões, travagem e eletrónica são de alto nível e os acabamentos são irrepreensíveis, como convém numa peça de alta-costura. Apesar disso, sendo uma moto de custo elevado, não é demasiado cara, começando o preço nos 15.900 euros. Ainda que a V100 não tenha rivais muito diretas, a comparação com motos europeias de classe semelhante da BMW, Ducati ou Triumph, ou mesmo algumas japonesas mostra-se genericamente favorável.

A V100 é uma moto digna da história da produção italiana. É muito bonita, elegante e tecnologicamente evoluída, mantendo a identidade e a integridade da marca. Creio que marcará um lugar na história.

Valter Lemos
Professor Coordenador do IPCB | Ex Secretário de Estado da Educação e do Emprego
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