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Diretor Fundador: João Ruivo Diretor: João Carrega Ano: XXVIII

Editorial Para uma Escola Feliz (Parte cinco)

15-12-2025

Nos tempos que correm, de algum retrocesso em relação à escola democrática e inclusiva, deparamos, frequentemente, com instituições educativas em que os valores transmissíveis não encontram acolhimento em inúmeros lares, porque são constituídos por famílias disfuncionais. Uma escola onde se exige o cumprimento de currículos obsoletos e onde a máquina burocrática da administração escolar obriga a incontáveis horas de reuniões em órgãos, departamentos, comissões, sessões de atendimento…

Onde, infelizmente, alguns jovens são levados a acreditar que a escola é terra de ninguém. Onde a ética e a deontologia ficam à porta da sala de aula e onde todo o individualismo exacerbado pode substituir o trabalho honesto e colaborativo.

Em relação à Escola e aos professores, a toda a hora o Estado, a sociedade e as famílias se descartam e para aí passam cada vez mais responsabilidades que não são capazes (ou por comodismo não querem…) assumir. Hoje, a Escola obriga-se a prevenir a toxicodependência, a educar para a cidadania, a formar para o empreendedorismo, a promover uma cultura ecológica e de defesa do meio ambiente, a motivar para a prevenção rodoviária, a transmitir princípios de educação sexual, a desenvolver hábitos alimentares saudáveis, a prevenir a Sida e outras doenças sexualmente transmissíveis, a utilizar as novas tecnologias da comunicação e da informação, a combater a violência, o racismo e o belicismo, a reconhecer as vantagens do multiculturalismo, a impregnar os jovens de valores socialmente relevantes, a prepará-los para enfrentarem com sucesso a globalização e a sociedade do conhecimento, e sabe-se lá mais o quê… Acham pouco? Então tentem fazer mais e melhor…

Esta realidade caracteriza muitas das nossas escolas públicas onde trabalha a maioria dos nossos (excelentes) professores. A escola em que também é preciso (ainda se lembram?) que os docentes tenham tempo para ensinar e os alunos encontrem momentos para aprender. A escola onde cada docente, diariamente, encontra o singular momento de concretização do seu dever cumprido, sentindo que nesses espaços e tempos educativos, mesmo assim, se pode e deve ser feliz.

Porém, uma Escola Feliz obriga à prática diária de um conjunto diversificado de comportamentos, atitudes e referentes modelares, com o intuito de se construir um clima organizacional e um ambiente de ensino e de aprendizagem positivos, onde os alunos se sintam acolhidos, motivados e felizes.

Numa Escola Feliz, o planeamento estratégico não pode, forçosamente, cingir-se ao desenvolvimento e avaliação dos conteúdos curriculares; necessariamente, tem de alcançar, de formas diferenciadas, o bem-estar emocional e social dos estudantes, com o objetivo, assumido por toda a comunidade educativa, de promover a autoestima, o respeito mútuo, e a inclusão, através do incentivo à criatividade e à colaboração.

Sempre e quando os docentes e os aprendentes se sentirem felizes e emocionalmente seguros, todos estarão mais disponíveis, motivados, envolvidos e dispostos a construir uma escola modelar, e de forte impacto na renovação e inovação, onde o crescimento pessoal e profissional dos diferentes atores acontece de forma espontânea, e onde as relações interpessoais são um construto capital.

Por isso, nunca é demais sublinhar que só a escola pode ensinar a alternância e a diversidade, bem como a aprendizagem dos critérios de escolha, entre o luxo e o lixo que prolifera nas já referidas ofertas do mundo cibernético. A felicidade e bem-estar dos professores está correlacionado com o bem-estar e a felicidade dos alunos e das suas famílias. E apenas o sucesso e felicidade dos professores e dos alunos podem anular o fracasso da escola.

Portanto, sejam felizes!

 

In: Ruivo, J. (Coord.) (2025). Ideias Simples para uma Escola Feliz. RVJ, Editores

João Ruivo
ruivo@rvj.pt

Este texto não segue o novo Acordo Ortográfico

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