Exposto sobre as Montanhas no Coração (Assírio &Alvim), de Rainer Maria Rilke (1875-1926), antologia seguida de “O testamento”, com selecção, tradução e prefácio de Maria Teresa Dias Furtado, reúne poemas, cartas e prosas do poeta, comemorando o 150º aniversário do nascimento.
Aquele Belo Rapaz (Assírio & Alvim), de K.P. Kaváfis (1863-1933) com tradução de José Luís Costa e posfácio de Tatiana Faia, reúne a poesia completa do poeta de Alexandria, expoente máximo da poesia grega contemporânea e antiga, englobando o universo.
Tudo Sobre Deus (Quetzal), de José Eduardo Agualusa (n. 1961, Huambo), é a longa despedida de Leopoldo G. Borges, geólogo e poeta, que ao saber que tem pouco tempo de vida vai para o deserto do Namibe, e compra as ruínas de uma igreja para servir de última morada, ao mesmo tempo que recorda, em diários e poemas, o amor que sente pela filha Gaia, numa formidável elegia de arte poética e encantatória.
O Fim dos Estados Unidos da América (Relógio d´Água) de Gonçalo M. Tavares, depois de “Uma vigam à Índia (na mesma editora), uma epopeia de grande fôlego, “satírica e distópica”, numa “tragédia greco-americana” que revisita o mito edipiano, com uma peste que divide a América em dois campos, que se encaminham para uma nova guerra civil.
O Romance de Camilo (Bertrand), de Aquilino Ribeiro (1885-1963), com prefácio de João Cândido d Oliveira Martins, a grande obra de um gigante sobre outro gigante das letras, publicado pela primeira vez em 1961, agora reeditada num só volume, num retrato deste “contemplor de Deus, e do seu semelhante, animal de nervos, irregular em tudo”.
A Nossa Hora (Alfaguara), de Héctor Abad Faciolince (n. 1958, Medellín), narra a vida e morte da escritora ucraniana Victoria Amélina, em Kromatorsk, juntamente com treze vítimas de um míssil russo, que atingiu uma pizaria onde o escritor colombiano se encontrava, durante uma visita à Ucrânia, num registo pessoal e intimista, reportando esses trágicos acontecimentos, episódio sangrento de uma guerra insana.
Contos Completos (Livros do Brasil), de Ernest Hemingway (1899-1961), monumental recolha de oitenta histórias do grande escritor, que espelham a grande variedade de temas e cenários, desde o Michigan a África, passando por Espanha, pescarias e caçadas, alguns deles inéditos, numa edição que faz jus à grande arte de contista do mestre norte- americano.
A China de Xi Jinping (Guerra & Paz), de Claude Meyer, com o subtítulo “Uma ameaça à paz e à ordem mundial”, analisa de forma muito precisa o que está em causa com o chamado “ sonho chinês” do novo imperador vermelho, de domínio mundial, e quais as condições e fragilidades internas e externas que obviam ou não à sua concretização.
O Encontro dos Extremos (Gradiva), de Yao Feng (n, 1958, Pequim), com o subtítulo “Intercâmbio literária entre a China e Portugal”, do professor jubilado da Universidade de Macau, poeta e tradutor, dá-nos a conhecer nesta excelente obra as relações, sobretudo literárias, entre as duas culturas e povos, que desde o século XVI estiveram tão próximas quanto possível, sendo Macau o ponto de união e porta de entrada.
Tecnofeudalismo (Objectiva), de Yanis Varoufakis (n. 1961, Atenas), ensaio onde o autor desenvolve de forma convincente a tese de que entrámos na era do capital-nuvem, do algoritmo e das grandes empresas digitais, que controlam e modelam a vida dos países e das pessoas através da renda, transformando por completo o capitalismo num feudalismo.
O Caso Estaline (Vogais), de Giles Milton, relata “a história verídica da missão secreta dos Aliados” em Moscovo para ajudar os soviéticos no combate contra Hitler, com milionários arrojados e diplomatas excêntricos, baseado em relatos pessoais e inéditos, até hoje confidenciais, sobre as relações de Churchill, Roosevelt e o ditador georgiano.
Memórias das Montanhas Distantes (Presença), de Orhan Pamuk, “cadernos ilustrados” do escritor turco, que pensou ser pintor desistindo para se dedicar à escrita, mas que não resistiu a desenhar e pintar em inúmeros cadernos de apontamentos, num esplêndida mostra colorida de anotações e reflexões sobre a sua arte literária.
Um Espião em Privado (D. Quixote), de John le Carré (1931- 2020), compilação das cartas deixadas por quem transformou os romances de espionagem em literatura, endereçadas a familiares, amigos, editores e personagens várias com quem se cruzou ao longo da vida, numa verdadeira biografia epistolar, num quase retrato do homem e do escritor.
Mundo, Pára Quieto (Tinta-da-china), de Ricardo Araújo Pereira (n. 1974, Lisboa), reúne crónicas publicadas no jornal “Folha de S. Paulo” entre 2020 e 2025, onde o humor culto e sagaz desmonta inúmeros aspectos do viver contemporâneo, nos dois lados do Atlântico, num português de lei.
Este texto não segue o novo Acordo Ortográfico