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Diretor Fundador: João Ruivo Diretor: João Carrega Ano: XXVIII

Cultura Livros & Leituras

12-08-2025

Botchan (Presença), de Natsume Soseki (1867-1918), apresenta-nos a vida de um jovem destemperado, num Japão da viragem do século, professor de matemática enviado para a província, onde se envolve numa série de trapalhadas que parecem ser a sua especialidade, numa crítica mordaz aos preconceitos e atitudes de uma sociedade em rápida mudança.

A Livraria do Tio Takashima (Bertrand), de Hika Harada (n. 1970, Japão), é a deliciosa história de uma livraria alfarrabista num dos bairros mais típicos de Tóquio, gerida por um senhor que ao morrer a deixa em testamento à irmã, cuja sobrinha-neta estuda literatura clássica, num livro em que cada capítulo refere uma obra do vasto panorama literário nipónico, com uns menus gastronómicos a condizer.

Cruzeiros de Inverno (D.Quixote), de Mário Claúdio, magnífico tríptico de novelas versando a vida de personagens menores, mas não menos enigmáticas, sonâmbulas e dilaceradas, aqui trazidas à luz da escrita sumptuosa do autor da biografia de Tiago Veiga, em vários cenários de um país provinciano de começos e meados do século passado, num impressionante registo ficcional, em que o autor toma parte interessada.

A Um Deus Desconhecido (Livros do Brasil), de John Steinbeck (1902-1968), Prémio Nobel em 1962, narra neste livro como as antigas crenças pagãs e bíblicas podem ganhar vida, através da história de um homem que estabelece uma relação especial com um árvore majestosa que a todos protege, até que um dia um irmão deita tudo a perder.

Todas as Noites Sonho com um País Diferente (Assírio & Alvim), prosa reunida de Nikolái Gumilióv (1886-1921), com tradução e posfácio de Larissa Shotropa e João Maria Lourenço, apresenta o poeta maldito no seu país, viajante intrépido, visionário poético, perseguido e esquecido durante décadas, mas que faz jus à profecia de Vladimir Nabókov: “Chegará o tempo em que a Rússia se orgulhará dele”.

Contos e Novelas (E-Primatur), de Camilo Castelo Branco (1825-1890), com organização, introdução e notas de Hugo Pinto Santos, no bicentenário do mais prolífico escritor em português, recolhem-se neste volume quarto, as derradeiras criações em vida escrita, dos anos 1876 a 1890.

Uma Vida Fora de Moda (Porto Editora), de António Sousa Homem, ou “Crónicas de um Reaccionário Minhoto”, segue as deambulações dos anteriores livros da série, recriando uma certa forma de observar o nosso pequeno mundo provinciano, num registo de humor melancólico mas cheio de sagacidade, de um escritor peculiar e muito letrado, que escreve como se não houvesse tempo, ou como se o tempo fosse outro.

Licença para Espiar (Casa das Letras), de Carmen Posadas (n.1965), segue a vida das mais sagazes mulheres que, desde os tempos bíblicos aos dias de hoje, se entregaram de corpo e alma à arte da espionagem, numa investigação romanceada de como a astúcia e as artimanhas do belo sexo puderam, em muitos casos, modificar o curso dos acontecimentos.

História do Silêncio (Quetzal), de Alian Corbin (n.1936), historiador das “representações e das sensibilidades”, apresenta neste livro, de forma conhecedora, de como as letras, as artes e algumas formas religiosas, escutam o silêncio, que não é a ausência do ruído constante e algazarra contemporâneas, mas o âmago de uma sã existência.

Sobre os Benefícios (Ideias de Ler), de Séneca (4 aC.- 65) reflecte sobre o “fazer o bem” e não apenas um favor, ou beneficiar outrem, é uma das obras mais influentes do filósofo estóico romano que reverbera através dos tempos, meditação ética e moral profundas.

Projectos Arriscados (Elsinore), de Charlotte van den Broeck (n1991), poeta belga de expressão flamenga, investiga em “treze histórias de arquitectura trágica”, o que levou os seus criadores a cometerem suicídio, tal o grau de insatisfação gerado pelas suas obras.

Àfrica Minha (Clube do Autor), de Karen Blixen (1885-1962), escritora dinamarquesa, contista sublime, esta memória pessoal, onde relata a sua profunda relação com África, numa viagem pelo passado colonial, em que os sentidos despertam para um universo único e perdido na memória.

Contos Completos 1(1945-1966) (Cavalo de Ferro), de Júlio Cortázar (1914-1984), é uma obra de peso e conteúdo, que reúne  as histórias curtas do argentino, incluindo “Bestiário”, “As Armas Secretas” ou “Histórias de Cronópios e de Famas”, onde tudo é jogo desenfreado e cheio de surpresas.

Muito para além do Mar (Presença), com o subtítulo “A nova História dos Descobrimentos Portugueses”, de José Manuel Garcia, analisa sob um novo prisma, o contributo português no alargamento do mapa-mundo, desde os mares Atlântico, Índico e Pacífico, corrigindo erros de interpretação e mitos arreigados, e o “significado universal” da ligação humanista entre povos e culturas até então mutuamente desconhecidas.

José Guardado Moreira

Este texto não segue o novo Acordo Ortográfico

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