O Livro das Imagens (Assírio &Alvim), de Rainer Maria Rilke, com tradução e prefácio de Maria Teresa Dias Furtado, escritos entre 1902 e1906, reúne poemas anteriores a “Novos Poemas” (na mesma editora), depois de duas viagens pelas paisagens da Rússia, na companhia de Lou Andreas Salomé e uma estadia numa colónia de artistas em Bremen, abrindo novas perspectivas na sua obra poética.
Poemas Reunidos (Tinta-da-china), de Pedro Mexia (n.1972, Lisboa), é uma antologia pessoal do poeta e cronista, onde o tempo e a memória são o tecido em que se inscreve o seu sentido de “idealismo filosófico”: “Assim como Larkin começou com Yeats, e mudou para Hardy, estes poemas começaram em Yeats e acabaram em Larkin”. Uma suave melancolia atravessa estas páginas. “A teia que Penélope/com astúcia/fazia e desfazia/era a esperança”.
Por Amor à Língua e à Literatura (Objectiva), de Manuel Monteiro, é uma “Edição revista e aumentada de um livro que se insurge contra a linguagem que por aí circula”, é um manancial para quem deseja falar e escrever em português de lei, abrangendo toda a casta de malfeitorias e tratos de polé daqueles que desconhecem os malefícios a que está sujeita a língua pátria, por desconhecimento dos cultores da mixórdia instalada por via do infame “acordês”.
O Bom Governo (Guerra & Paz), de Ernesto Rodrigues, é uma sátira hilariante e uma reflexão muito séria, sobre o estado de um país sem nome, governado por uma multidão de cem ministros que se atropelam em não fazer nada, o que leva a uma insurreição que nada resolve, mas seguindo a frase de Goethe, de que o melhor governo é aquele “que nos ensina a governar-nos a nós próprios”.
O Pacto da Água (Porto Editora), de Abraham Verghese, da Índia para o mundo, desde Kerala, na costa de Malabar em 1900, e seguindo o século das mudanças no país, começa com a história de uma rapariga prometida a um viúvo cristão e das gerações seguintes e das suas vidas extraordinárias, e do tempo que tudo transforma, num registo de saga, de sofrimentos e redenção, numa terra onde memória tem a subtileza da água.
A Parede (Antígona), de Marlen Haushofer (1920 – 1970), premiada escritora austríaca, publicou este livro de 1963, tem como protagonista uma mulher que pensa ser a única sobrevivente do mundo, depois de uma catástrofe; isolada nas montanhas, liga-se à natureza, e adopta um novo modo de vida. “Por vezes, é como se a floresta começasse a ganhar raízes dentro de mim e usasse o meu cérebro para conceber as suas ideias ancestrais e eternas”.
Viajante Prudente (Bertrand), de Sarah Brooks, com o subtítulo de “Guia Rumo às Terras Ermas”, é um convite à viagem no mítico transiberiano, acompanhados por uma curiosa variedade de personagens, numa travessia da grande Ásia a até terras chinesas, cheia de mistérios, enigmas e revelações surpreendentes, por uma escritora, especialista em Estudos Orientais, que conhece a paisagem desta longa viagem.
Viagem a Pé (Tinta-da-china). de Josep Pla (1897 – 1981), do mais importante escritor catalão contemporâneo, é um livro escrito para “memória futura” , agora que tanto de fala da Espanha vazia, de uma paisagem natural e humana de povoados desparecidos, facto que a guerra civil ainda presente acentua, uma viagem por montes e vales, feita por caminhos apeados, única forma de sentir o pulsar da terra.
Roshomon e outras histórias (Cavalo de Ferro), de Ryunosuke Akutagawa (1892 – 1927), em reedição, foi um dos primeiros escritores modernistas do Japão, que viu a sua obra transposta para o cinema, por exemplo por Kurosawa, sendo esta antologia uma mostra da sua mestria, conjugando a história antiga e lendária do país até ao século XX, numa viagem inigualável pela mente nipónica. Murakami disse que ele “ perdura como um ponto fixo inamovível na literatura japonesa, como parte da nossa fundação intelectual”.
Marco Aurélio (Temas e Debates), de Donald J.Robertson, com o subtítulo ”O imperador estóico”, é um estudo biográfico do famoso imperador-filósofo romano, autor das célebres “Meditações”, que nos conduz pelos meandros do seu pensamento, acção e época, um exemplo ímpar do pensador estóico em toda a sua plenitude.
A Última Cruzada (D. Quixote), de Nigel Cliff, com o subtítulo “As viagens épicas de Vasco da Gama”, é a história das viagens, intrigas, traições e espionagem, que moldaram o mundo moderno, desde a chegada dos navegadores lusos à Índia, alargando os mapas e os mercados das especiarias, sedas e pedras preciosas, traçando uma linha entre a cristandade e o islão, encerrando a época medieval.
Ensaios sobre a Virtude & a Felicidade (E-Primatur), de Samuel Johnson (1709 – 1784), autor do “A Dictionary of English Language”, além de muitas obras influentes, era um homem de opiniões fortes que publicava na imprensa, com um humor espirituoso muito inglês. O livro, organizado e traduzido por Pedro Galvão, dá-nos a conhecer este gigante das letras inglesas. “O mal é tão incerto como o bem, e pela mesma razão que não devemos ter esperanças excessivamente fortes, não devemos temer o futuro com demasiado desânimo”.
Livro Tibetano dos Mortos (Temas e Debates), atribuído a Padmasambhava, traduzido por Paulo Borges e Rui Lopo é, a par do seu congénere egípcio, um dos grandes textos sobre a chamada morte e o além dela, no caso vertente da tradição budista tibetana, um guia e uma meditação sobre os meios de obstar aos escolhos que barram a via para aceder à pura luz, até alcançar a realidade da plena consciência.
Este texto não segue o novo Acordo Ortográfico