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Opinião Livros & Leituras

11-03-2022

Na História dos povos e nações há heróis e vilões. O Sem Pavor (Saída de Emergência), de António da Costa Neves, conta-nos a vida de uma dessas personagens maiores que a vida, o famoso Geraldo Geraldes, que ficou nos anais e pergaminhos por ter conquistado Évora aos mouros, depois de ter encaminhado as tropas de D. Afonso Henriques no assalto a Santarém. Desde rapaz que apresentava um carácter rebelde, onde se escondia um espírito de chefe de guerra, destemido e muito pouco convencional. A sua vida desfila nestas páginas onde a jovem nação lusitana tem de se haver com múltiplos desafios para conquistar um lugar na mesa dos vencedores, legando às futuras gerações um chão que possa chamar-se Portugal.
Os Templários (Presença), de Michael Haag recolhe as últimas investigações sobre a Ordem do Templo, perseguida pela ganância de Filipe, o Belo. Este livro contém a história circunstanciada, e ilustrada, dos cavaleiros que constituem, ainda hoje, uma fonte de mitos e lendas, que os séculos não parecem apagar. Entre nós, assumiu as vestes da Ordem de Cristo, que teve a sua sede no convento de Tomar, servindo a epopeia das navegações, e dando às caravelas a sua distinta cruz templária. Sabe-se agora que o papa Clemente tinha admitido por escrito a inocência dos cavaleiros, isentando-os da acusação de heresia, que foi pretexto para a dissolução. O eco desses acontecimentos perdura ainda hoje, seja no cinema e na literatura e, sobretudo, na lembrança colectiva.
Contos de Cantuária (E-Primatur) de Geoffrey Chaucer, com tradução de Daniel Jonas, é a obra inaugural do inglês como idioma moderno, que veio a ser desenvolvido por Shakespeare, inspirada no “Decameron”, de Bocaccio. Escrito entre 1387 e 1400, é agora publicado em português na sua versão integral, e com ilustrações de Edward Burne-Jones. As histórias, a diversas vozes, representativas de várias camadas sociais da época, vão sendo ouvidas no decorrer de uma viagem entre Londres e Cantuária, numa caminhada que não chega à sua conclusão. Burlescas umas, outras de proveito e exemplo, manifestam aventuras, sátiras e até histórias do sobrenatural. Chaucer foi um homem ilustrado do seu tempo, que conviveu com a realeza e desempenhou missões diplomáticas. Uma obra-prima.
Poemas Eróticos da Antiguidade Clássica (Guerra & Paz), apresenta um panorama bastante vasto da produção poética dedicada a Eros, nas suas diversas facetas, incluindo os maiores nomes desde Arquíloco a Safo, Píndaro, Lucrécio, Apuleio, Horácio, Catulo e Ovídio, entre outros. Os poemas sobre o amor e sexualidade, na Grécia e em Roma, faziam parte da vida literária e do quotidiano, exaltando os prazeres, o gozo e as alegrias do corpo, sem falsos pudores.
Pompeia, o Tempo Reencontrado (Queztal), de Massimo Osanna, apresenta-nos as novas descobertas que as ruínas, sepultadas pelas cinzas do Vesúvio, guardavam desde a irupção de 79 d.C. No século XIX, com “Os Últimos Dias de Pompeia”, de Bulwer-Lytton, começou uma nova vida para a cidade, “que inaugurou o destino literário e cinematográfico de Pompeia como metáfora do mundo”. O autor é um conceituado arqueólogo, tendo dirigido o campo arqueológico da mítica cidade. Este livro é um contributo notável para dar nova vida ao quotidiano dos seus habitantes, desde a fundação da urbe em finais do século VII a.C. até ao seu desaparecimento. Amplamente ilustrado, é uma viagem pelo tempo que a cinza conservou para os vindouros.”Em Pompeia dois passos separam a vida antiga da vida moderna”, escreveu Théophile Gautier.
Civilização (Gradiva), de Kenneth Clark, é um livro magnífico, profusamente ilustrado, ou não fosse o registo escrito da série de televisão que 1969 catapultou o seu autor para a notoriedade. Escocês de posses, classificava-se com um bota-de-elástico por defender valores que considerava na base do contributo europeu para a civilização universal, sendo a arte o seu veículo mais destacado. Pintores, escultores, poetas, músicos e arquitectos deixaram ao longo dos séculos uma marca que se convenciona chamar de ocidental, no mapa dos grandes legados culturais do mundo. Nestas páginas entrevemos alguma dessa herança comum. Uma bela obra, informativa e pedagógica.

José Guardado Moreira
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