A Stand4Good - associação sem fins lucrativos dedicada a combater o abandono escolar no ensino superior em Portugal anunciou o alargamento do programa de bolsas e acompanhamento personalizado a 60 estudantes em situação de carência económica.
O modelo de intervenção desta associação inclui acompanhamento académico e psicossocial, mentoria em parceria com mais de 30 empresas e a promoção da empregabilidade com o acompanhamento dos jovens ao longo de todo o percurso académico e primeiro ano após conclusão do ensino superior, com vista à integração no mercado de trabalho.
O elevado custo do alojamento em várias cidades e a falta de apoios “são fatores que contribuem para um afastamento cada vez maior dos jovens do ensino superior, levando-os a uma entrada precoce – e mais precária - no mercado de trabalho”, considera Mafalda Teixeira Bastos, co-fundadora & coordenadora geral da Stand4Good.
“É urgente dar resposta a estes jovens que, apesar do mérito académico e enorme motivação para continuar a estudar, não conseguem fazer face aos elevados custos de acesso ao ensino superior, vendo-se grande parte das vezes obrigados a desistir”, sublinhou a responsável.
Assim, defende a responsável, “para que a educação possa efetivamente cumprir o seu papel de elevador social, é fundamental que, enquanto sociedade, nos mobilizemos para garantir que todos os jovens têm acesso às mesmas oportunidades educativas, independentemente do meio onde nasceram ou da situação económica em que vivem”.
“O desafio é cada vez mais evidente”, sublinha em comunicado enviado à Lusa, onde aponta números relativos ao ano letivo anterior.
Em 2024, o número de pedidos de bolsas de ação social no ensino superior “atingiu um recorde histórico de 108.000 candidaturas. No entanto, milhares de estudantes continuam a ser excluídos por critérios administrativos apertados”.
“No ano letivo 2024/25, só a Universidade do Porto recebeu 7.789 pedidos de atribuição de bolsa, sendo que 648 estudantes viram o seu pedido rejeitado por excesso de capitação. Destes, 112 perderam a bolsa por menos de 500€/ano, tendo em conta o limiar máximo definido pela Direção-Geral de Ensino Superior (DGES) para esse ano (11.712,98€)”, afirma Mafalda Bastos.
O caso mais evidente acompanhado pela Stand4Good, é o de uma estudante que viu o seu pedido de bolsa recusado “por uma diferença de apenas 0,03€ per capita”.
Desde a sua criação em 2020, a Stand4Good já apoiou um total de 89 estudantes em situação de carência económica, tendo atribuído mais de 170 bolsas universitárias ao longo dos últimos cinco anos, sejam bolsas totais para pagamento da propina e apoio em despesas educativas (no caso dos estudantes que ficam excluídos das bolsas de ação social da DGES), ou bolsas parciais para apoio em despesas educativas (no caso dos estudantes beneficiários da bolsa mínima da DGES). No total, a associação já investiu mais de 100 mil euros em bolsas, contando para isso com o apoio de vários parceiros.
Além do acompanhamento académico e psicossocial a cada estudante, o modelo da Stand4Good contempla ainda um Programa de Desenvolvimento de Competências, um Programa de Mentoria em parceria com mais de 30 empresas, um Programa de Empregabilidade, um Programa de Conversas Inspiracionais com líderes de referência e um Programa de Voluntariado.
Com uma parceria estabelecida com a Universidade do Porto, os estudantes apoiados distribuem-se por 13 faculdades, em 14 áreas de estudo, que vão desde engenharias e ciências da saúde até ciências sociais, artes e humanidades.
Em 2024/25, 56 jovens de várias zonas do país foram apoiados, 21 deles deslocados, 14 que viajam mais de três horas por dia para estudar e os restantes 21 do Porto e arredores.
“E os resultados falam por si”, salienta Mafalda Bastos, referindo que nos últimos cinco anos, a taxa de permanência destes alunos no ensino superior tem-se fixado acima dos 95%, contrariando as estatísticas relativas ao abandono escolar neste grau de ensino, somando-se uma percentagem de sucesso académico de 90%.