As primeiras palavras do Papa Leão XIV, eleito entre os seus pares no passado dia 8 de maio de 2025, foram de paz e de convite ao diálogo. Podem parecer palavras feitas, de circunstância, mas os seus conceitos são fortes, muito fortes. A sociedade deve olhar para elas e refletir naquilo que são os seus atos, que muitas vezes roçam a intolerância e a arrogância, levando para o plano operacional atitudes que mancham as instituições e os Estados. Esta dimensão surge sempre associada a uma falta de cultura democrática em vários planos institucionais e organizacionais.
Entendo a paz e o diálogo do Papa Leão XIV como um apelo à humildade, ao respeito de um pelo outro nas suas várias dimensões: cultural, afetiva, profissional, pessoal ou espiritual. Infelizmente a força daquelas palavras depressa é ultrapassada pela falta de noção daquilo que cada um de nós representa no mundo e que, acima de tudo, o mundo não gira à nossa volta.
No contexto atual, em que a informação e a desinformação circulam à velocidade de um clique, importa olhar para a informação como um direito fundamental e decisivo para sociedades democráticas. E nessa perspetiva, a escola ganha uma nova relevância na desconstrução da ideia de que tudo o que é publicado na internet ou em alguma comunicação social é verdade.
Vivemos num mundo em que a informação e a contra-informação lutam pelo mesmo palco. A comunicação condiciona o pensamento. É um dos grandes poderes da nossa sociedade, que no mundo digital ganha mais força. Talvez por isso se devam ‘formar’ os leitores logo a partir dos primeiros anos da escola. Considero a desinformação e as notícias falsas como grandes perigos para a sociedade. As mentiras são transformadas em verdade. Os boatos em notícias.
A tudo isto junta-se a intolerância, a falta de respeito, a ausência de sentido institucional e a tentativa de manipular, ou condicionar, pela ameaça quem informa com rigor. E o rigor, na comunicação, é o centro de tudo.
De uma forma muito simples, o Papa Leão XIV passou a sua mensagem, numa comunicação clara e objetiva. Sem rodeios. Rigorosa. Surpreendente pela sua simplicidade e, ao mesmo tempo, forte pelo seu conteúdo: paz e diálogo. Que o mundo e, em particular, as casas do saber saibam interpretar as suas palavras e que a intolerância, a arrogância e a falta de sentido democrático sejam afastadas de uma vez por todas. Nós estaremos atentos e não pactuaremos com isso. Só assim seremos rigorosos e livres para informar com verdade.