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Diretor Fundador: João Ruivo Diretor: João Carrega Ano: XXVII

Primeira coluna A geração Z e o uso do digital

17-02-2023

A integração das novas tecnologias e dos dispositivos móveis em contexto educativo é inevitável. Vivemos um mundo de mudanças rápidas e a geração Z, também chamada de pós-millenial ou centenial (nasceu na mudança do século) parece ter vindo equipada, dos progenitores, com um tablet ou um smartphone. Tratam por tu as novas tecnologias, e as plataformas, e usam os equipamentos largas horas por dia para diferentes fins, que vão desde o lazer, à leitura de informação, mas também à absorção de conhecimento.
Esta realidade vem trazer novos desafios à escola e outros paradigmas no modo de ensinar e aprender. Mas traz também grandes desafios na educação, em casa, e no nosso relacionamento enquanto sociedade e, sobretudo, com os jovens que passam longas horas do dia ligados aos ecrãs. Um estudo elaborado pela plataforma Qustodio (que desenvolveu ferramentas de segurança e controlo digital para famílias) revela que os jovens, entre os 4 e os 18 anos, passam, fora da escola, cerca de quatro horas por dia “agarrados aos ecrãs”, o equivalente a dois meses por ano.
O estudo foi feito junto de 400 mil famílias em Espanha, Estados Unidos, Reino Unido e Austrália e apresenta-nos uma realidade presente em muitas casas. Eduardo Cruz, responsável por aquela plataforma, citado pela Agência Lusa, considera a hiperconetividade ou a ligação contínua aos ecrãs, pode gerar problemas de dependência junto dos menores, que chegam a assumir “o mundo físico ou real como um estorvo nas suas vidas”.
A nova realidade digital apresenta-nos mais números carregados de preocupações e desafios. 15,6% das 400 mil famílias que entraram no estudo refere que “esse abuso cria problemas no dia a dia em casa”. Esses conflitos repetem-se duas vezes por semana em 34% das casas.
Estamos perante um cenário que não deve ser visto como um demónio digital na sociedade, mas sim como uma exigência que merece reflexão e que deve ser, por todos, encarada com determinação. Não é o facto de gostarmos ou não gostarmos que esta nova realidade vai desaparecer. Eduardo Cruz fala-nos de uma “dieta digital” que permita utilizar a internet e os ecrãs como forma de evitar riscos e ameaças, realçando a necessidade de estabelecerem cronogramas digitais.
O estabelecimento horários sem conetividade e de momentos de partilha de conteúdos digitais com a família, oferencendo aos jovens alternativas no mundo real, são também apontados por aquele especialista. No mundo digital também as redes sociais utilizadas por jovens e menos jovens são diferentes. A geração Z prefere o Tik Tok, enquanto que as restantes optam pelo Facebook, Twitter ou Instagram.
É neste turbilhão de inovação que a escola e a sociedade terão que conviver, com o objetivo de aproveitar as vantagens que as novas tecnologias nos trazem, promovendo também a literacia digital junto de todas as gerações, para que se compreendam consigo mesmas e entre si. Neste caminho não há retrocesso e a inteligência artificial também já nos entrou pela porta. Estarão a escola e a sociedade preparadas? Acredito que sim, como não tenho dúvidas que o conhecimento é a chave que nos possibilitará ultrapassar as dores de crescimento que toda estra transformação acarreta...

João Carrega
carrega@rvj.pt
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