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Diretor Fundador: João Ruivo Diretor: João Carrega Ano: XXVII

Jorge Conde, presidente do Politécnico de Coimbra IPCoimbra é da região

26-02-2024

O Politécnico de Coimbra assume-se, cada vez mais, como uma instituição da região e não apenas de Coimbra. Jorge Conde, o seu presidente, explica o caminho percorrido que tem permitido abrir polos noutras localidades, levando o ensino superior a outros territórios vizinhos. Em entrevista, aborda também os investimentos superiores a 50 milhões de euros que estão a ser feitos no Politécnico, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência.

O Politécnico de Coimbra tem alargado a sua área de influência e tem aberto escolas noutras zonas da região Centro, como na Lousã. Esta aposta está a corresponder à expectativas?

Sim. Nós não estamos propriamente a abrir escolas no sentido literal do termo. Aquilo que fizemos foi assumir a nossa grande missão de sermos a instituição de ensino superior do território de Coimbra. Elaborámos um projeto que começou por se chamar Escola da Floresta, mas que na realidade vai denominar-se Lousã Green School, pois alargámos o seu âmbito. Deixou de ser um projeto só ligado à floresta para estar também associado às tecnologias de informação, nomeadamente às tecnologias de informação que sirvam também a floresta. Nesse sentido, estamos a abrir, numa parceria com a Câmara da Lousã e com a IBM, um polo, na Lousã, que vai ter uma componente informática e uma componente de economia verde muito assente na floresta, porque é uma das áreas onde temos muito especialistas.

Essa é também a lógica em que assenta o polo de Cantanhede?

É o mesmo conceito. O polo de Cantanhede, que também se denominou de Cantanhede Creative School, vai estar mais ligado à área das artes. Para já, abrimos CTESP de luz e som para espetáculos. Estes dois polos, na Lousã e Cantanhede, já têm alunos. A ideia é que tudo o que esteja relacionado com as artes possa ir para Cantanhede.

Há ainda um terceiro polo?

Sim, é a chamada Escola da Bairrada. Vamos ver se o nome ficará esse. É um polo que terá duas âncoras, uma na Mealhada e outra em Anadia. Estará ligado ao vinho, ao turismo e à gastronomia. Vão abrir dois cursos, um CTESP e uma pós-graduação, ligados à área do vinho. A pós-graduação relacionada com o espumante, que é uma grande referência  da região da Bairrada; e o CTESP estará associado à vitivinicultura, pois faltam técnicos no terreno. As nossas apostas estão sempre ligadas ao território.

E é nessa perspetiva que em Arganil poderá surgir outro polo?

Arganil é um território onde as grandes marcas são o Rali e os automóveis. Estamos a ponderar e a trabalhar essa possibilidade. Neste momento desenvolvemos o plano de negócios, para percebermos quanto custa e que envolvência é que poderá ter. Mas a aposta passará por formações relacionadas com a engenharia mecânica, mas que tenham em conta a competição, os automóveis de competição e os ralis. Se vamos para Arganil temos que ir ao encontro daquilo que é importante nesse território. Estes são os quatro polos, para além do de Oliveira do Hospital, que existe há 22 anos. É uma estratégia que estamos a seguir no sentido de sermos uma instituição, não apenas de Coimbra, mas de toda a região.

Tem havido, portanto, um bom entendimento com as autarquias?

Um pleno entendimento. Hoje (1 de fevereiro), à hora em que estamos a conversar, está a decorrer no nosso Centro Cultural, uma mostra artística e cultural de toda a região de Coimbra, onde todas as câmaras trouxeram peças e artistas das suas regiões. Todos os dias haverá uma conferência dedicada a cada um dos 19 municípios presentes. Esta é a prova de que conseguimos fazer muitas coisas com as autarquias, com a própria direção da Comunidade Intermunicipal e que estamos quase sempre em sintonia naquilo que o território precisa. Nós temos alguma vontade, com os outros politécnicos da região, de alargar estas ideias a toda a região centro, para que este território possa ser equilibrador entre as duas grandes metrópoles. O ensino superior tem um papel, obrigatoriamente, ativo nestas regiões através da inovação. Nós temos tentado fazer isso, através da inovação territorial.

Falou há pouco na questão cultural. Essa tem sido uma uma aposta sua...

Sim, nós criámos, há cinco anos, o Centro Cultural Penedo da Saudade, aproveitando aquilo que era o antigo edifício sede do Politécnico. Com a estratégia de trazer para um só campus os serviços centrais, o edifício ficou devoluto. Inicialmente ainda pensámos vendê-lo, mas como está num local nobre da cidade entendemos que valia a pena fazer ali qualquer coisa. Então, criámos um centro cultural. Hoje, não só promovemos a cultura interna dos nossos próprios artistas, como incentivamos muito os nossos estudantes a consumirem cultura. Queremos muito que consumam cultura, porque queremos ser uma instituição que, mais do que formar profissionais, deve formar pessoas. E a cultura educa-nos. Essa é uma grande aposta. É possível ir ao Centro Cultural ouvir mini concertos, ver peças de dança, exposições de fotografia, escultura ou pintura. Mas também ali promovemos lançamentos de livros, debates e outras iniciativas. O Centro Cultural é um espaço aberto à cidade. Se alguém quiser um local para um lançamento de um disco, de um livro, ou de outro produto, nós disponibilizamos o espaço. Porém, neste momento começa a ser difícil encontrar agenda disponível, pois temos a programação feita até julho de 2025.

Mudando um pouco de assunto. Ao nível de infraestruturas apoiadas pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), o que está a ser feito?  

Estamos a fazer grandes investimentos. Esta semana até aparecemos numa lista apresentada num canal de televisão, pelo antigo ministro Paulo Portas, onde era referido que o Politécnico de Coimbra está nos 50 primeiros lugares de instituições beneficiárias do PRR. Conseguimos mais de 50 milhões de euros de financiamento. No programa Impulso concorremos para a construção de uma escola de CTESP e pós-graduações, que poderá vir a ser mais do que isso. Trata-se de um espaço que permitirá potenciar o aumento do número de alunos nesses cursos. A obra arrancará nos próximos dias. No âmbito do Plano Nacional de Alojamento, vamos construir uma residência no campus da Escola Agrária, com 400 camas, e uma outra em Oliveira do Hospital, no centro da cidade, recuperando um antigo hotel, que está fechado há muitos anos, para 100 camas. Portanto, vamos ter aqui 500 camas de financiamento PRR .

E há mais algum projeto no âmbito do PRR?

Há um terceiro, que está congelado à espera de financiamento, pois. não entrou nos primeiros. Se houver um novo aviso, temos já uma outra residência com o projeto preparado para 150 camas. Vamos ver se somos capazes de avançar ou não. Queremos aumentar o máximo possível a nossa capacidade de oferta a esse nível. O polo de Anadia-Mealhada quando nascer já terá uma residência associada, no âmbito do PRR da Câmara. Na Lousã e em Cantanhede estamos a trabalhar com a economia local no sentido que também haja residências. Mas voltando ao PRR, para além das residências e da escola, vamos investir cerca de 12 milhões em eficiência energética e acessibilidades. Vamos transformar os nossos edifícios em imóveis acessíveis e eficientes energicamente. Temos um projeto de sustentabilidade que é muito importante, que é uma das nossas bandeiras e que foi elogiado na avaliação que recebemos da A3ES e onde fomos acreditados pelo período máximo de seis anos. Temos uma iniciativa a que chamamos politécnico mais sustentável, cuja ideia passa por associar os edifícios à economia verde, através da instalação de painéis, melhores janelas, portas e torneiras mais eficientes e iluminação económica, num projeto de 12 milhões de euros.

E essa eficiência abrange que espaços?

Vai beneficiar as residências de quase todos os edifícios de todas as escolas. Inclusivamente, no campus dos Serviços Centrais, está planeado um projeto, que ainda está em fase de negociação, que passa pela criação de uma central fotovoltaica, que aproveitará as coberturas do parque de estacionamento e alimentará todos os serviços sem recorrer à rede pública. Em termos de PRR estes são os grandes investimentos, a que se juntam os programas contra o abandono escolar, impulsos digitais, inovação pedagógica, das escolas agrária e da saúde, onde esperemos que as nossas candidaturas corram bem e que sejamos contemplados com mais um conjunto de verbas que nos permitam fazer outras coisas.

Isto representa também um forte impacto na economia da região?

Claramente, até porque algum deste dinheiro permite renovar equipamento. Tudo isto alimenta em grande parte a economia local. Bem sei que a maior parte dos concursos são internacionais e, portanto, podem não ser ganhos por empresas locais. Mas, até agora, grande parte das empresas que tem ganho os concursos é da região centro. Terá também um impacto à posteriori muito grande, pois vai trazer mais gente a estudar no Politécnico e mais gente a residir condignamente em Coimbra. E qual é a grande vantagem das residências académicas? É que elas aumentam o poder de compra de quem lá vive, porque como as pessoas gastam menos dinheiro no alojamento, têm mais poder de compra para a economia local e, portanto, vão gastar mais dinheiro no supermercado ou no restaurante. Tudo isso é uma forma de alterar o modo como nós nos posicionamos perante o território e como Coimbra, que tem como principal indústria os estudantes, se reconfigura.

E ficou algum projeto de fora do PRR?

Temos prevista uma cantina para o campus da Escola Superior de Educação, cujo projeto está aprovado. É só lançar a obra. Mas não temos dinheiro, já que não houve financiamento que contemplasse isto. Temos outra cantina projetada para o campus da Escola Agrária, onde estudam 4500 alunos, mas também não temos dinheiro. O PRR veio ajudar muito as instituições, mas é muito específico e muito direcionado. Naquilo que é o alargamento verdadeiro das instalações, nós não conseguimos fazer. Para dar outro exemplo, a nossa Escola Superior de Educação, que é o velho edifício da Escola do Magistério Primário, tem salas muito pequenas. Nós temos cursos que comportariam perfeitamente turmas de 50 alunos, mas não podemos passar dos 30 porque as salas não comportam mais do que isso. Precisávamos algum dinheiro dedicado à modernização que não existiu.

As verbas da Comissão de Coordenação da Região Centro, no 2030, também são curtas?

São. Mas, nesse ponto de vista, eu até diria que não nos deveríamos queixar porque a CCDR Centro fez uma coisa que ainda mais nenhuma fez, que foi disponibilizar 10 milhões de euros para para as dez instituições de ensino superior da região. É muito curto, mas, na realidade, os nossos colegas das outras regiões queixam-se que ainda não houve uma iniciativa semelhante nas outras Comissões. Nós colocamos como prioritária a construção da Escola de Oliveira do Hospital, que está a funcionar num antigo quartel de bombeiros recuperado, mas onde não cabem os 750 alunos. Diria que das escolas periféricas de todos os politécnicos e universidades do país é capaz de ser a que tem um número de alunos tão interessante. Mas, não conseguimos continuar a crescer. Nós vamos fazer a residência e a Câmara comprometeu-se em fazer uma escola nova. Aquilo que a Câmara pretende é recuperar uma antiga escola primária, com a construção doe um edifício anexo. Não há dinheiro para fazer tudo de uma vez e estamos numa negociação com a Câmara para que se as verbas da CCDR permitirem, investirmos em Oliveira do Hospital garantindo que a escola não só não morre, como pode continuar a crescer.

Ao nível da oferta formativa estão previstas novas formações. Os politécnicos vão poder atribuir doutoramentos. De que forma é que isso pode vir a ser feito, através de consórcios?

Já fizemos uma proposta para a abertura de um ciclo de doutoramento na área alimentar, que está na A3ES, numa parceria entre quatro politécnicos, mas que oficialmente são apenas três: Coimbra, Castelo Branco e Viseu. Isto porque as suas escolas  agrárias têm entre si um centro de investigação chamado CERNAS, que nasceu em Coimbra e que depois se alargou a Viseu e Castelo Branco. Mas, na realidade, foram quatro as escolas envolvidas. A Escola Agrária de Santarém esteve sempre associada e continuamos a contar com os seus professores, mas como não integra o CERNAS, não pode titular o doutoramento. Vai ser um parceiro.

Estamos ainda a trabalhar, na Coimbra Business School, para entregarmos uma proposta de um doutoramento, em março, ligado à área da economia e sustentabilidade. Vamos ver se somos capazes, porque estamos a falar também da ligação ao CERNAS.

Além disso, submetemos à Fundação para a Ciência e a Tecnologia mais sete centros ou polos de investigação em todas as áreas do conhecimento de todas as escolas.

Individualmente ou em parceria com outras instituições?

Com outras instituições. Vamos criar nas áreas da gestão e da educação, numa parceria com o Politécnico do Porto; e na área da saúde, com o Politécnico de Lisboa.  Entrámos também num grande grupo a nível nacional, que se denomina de Sprint, onde vamos fazer um centro de investigação em desporto, que envolve quase todos os politécnicos e a Universidade do Algarve. Também já estávamos noutro com a mesma filosofia que é o Citur, ligado à área do turismo. Vamos ainda propor um centro, liderado por nós, com mais duas instituições de ensino superior, na área da engenharia, e passaremos a ser polo dos outros. No conjunto, ficamos com oito polos ou centros de investigação e isto vai-nos permitir ponderar, naqueles que tiverem classificação de muito bom, em março de 2025, avançar, ou não, com novos doutoramentos. Naqueles que não obtiverem essa avaliação, teremos que fazer um trabalho, ao longo de quatro anos, para que estar mos preparados. Ao nível de terceiro ciclo é esta a estratégia. Daí para baixo apostamos numa lógica de modernização da oferta, o que nem sempre é fácil.  Temos um novo curso de análise de dados para a gestão e estamos a avaliar na mesma área, um outro mais vocacionado para a engenharia e para a programação. Em todas as escolas estamos a olhar para a oferta formativa e a tentar perceber o que é que temos que oferecer de novo. Não podemos ensinar os jovens da mesma maneira que ensinávamos antes. Temos que modernizar.  Em quase todas as escolas estão a aparecer ofertas novas, ao nível de mestrado, mas também das licenciaturas e dos CTESP, onde procuramos responder ao território, à região e ao país. Temos muitas parcerias com empresas no sentido de perceber o que elas precisam. Se uma empresa chegar aqui e nos disser, que irá ter uma necessidade, nos próximos sete ou oito anos, de recrutar 100 trabalhadores numa área específica, nós estamos disponíveis para construir essa área de formação.

Relativamente ao Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES) do ensino superior, houve um grupo de trabalho liderado pelo professor Alberto Amaral, que fez um documento tendo em conta os contributos recolhidos. Qual é que é a análise que faz desse documento?

O documento faz uma leitura correta quando diz que temos um RJIES desactualizado e a precisar claramente de ser mudado. É muito urgente que se faça essa mudança e é pena que esse trabalho tenha sido interrompido. É preciso olhar com algum cuidado para as mudanças. Primeiro, porque o regime vai ter que garantir a capacidade que o ensino superior tem de fazer coesão no território. Há um colega nosso que costuma dizer que a maneira mais barata de fazer coesão é manter o ensino superior como ele está e nos locais onde ele está. Eu acho que isto é muito importante. No dia em que nós abrirmos ofertas formativas de tudo em Lisboa, esvaziamos o resto do território e, portanto, temos que perceber que uma coisa que nasceu num pequeno politécnico do interior e que tem muito sucesso, não a podemos multiplicar por dez vezes, abrindo em Lisboa, no Porto, em Coimbra e noutros sítios. Vamos precisar de nos entender entre todos. O RJIES vai ter que permitir que nos continuemos a entender, dando-nos a autonomia, mas deve trazer-nos modernidade. Neste momento temos uma limitação num conjunto de poderes que não fazem sentido. Desde logo nas compras. Eu tenho dito muitas vezes que é incompreensível que não possa comprar um automóvel, mas possa mandar fazer um edifício de 20 milhões de euros. É completamente disparatado proibirem-me de gastar 20 mil euros num carro, mas permitirem que eu contrate um empreiteiro por 20 milhões. É preciso que o RJIES venha regular esta nossa capacidade de intervenção. Depois, há coisas de que eu sou muito crítico e gostaria de ver revistas. Não concordo, por exemplo, que os conselhos gerais elejam o presidente da instituição. Os conselhos gerais têm um papel mais relevante se não elegerem o presidente, se forem um verdadeiro órgão planeador e que controle o que está a acontecer. Os conselhos gerais, a partir do momento em que elegem o presidente, são de alguma forma coniventes com aquilo que é a liderança da instituição. Gostaria que a eleição do responsável máximo da instituição fosse feita por um órgão mais alargado, eventualmente até feito de forma universal. Devemos caminhar para um novo modelo de instituições e de arrumação.

Há quem defenda que pura e simplesmente é para mudar tudo no RJIES. Partilha desta opinião?

Não.  Há coisas que estão bem feitas e que também não há como fazer de outra maneira. Mas há aspetos onde é preciso abrir um pouco mais o RJIES para permitir que as coisas possam funcionar. Por exemplo, é um bocadinho disparatado que seja possível a uma universidade ter escolas politécnicas. Vamos imaginar a realidade de Coimbra. Se a Universidade de Coimbra quiser abrir escolas politécnicas, não está impedida de o fazer e tem um politécnico ao lado. Isto não faz muito sentido.

Os politécnicos têm sido críticos à alteração do modelo de vagas para os alunos internacionais. Como é que analisa essa questão?

Temos discutido muito essa questão no Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos.  Uma das coisas que nos tem preocupado é que o país precisa de resolver um problema de baixa natalidade. As instituições de ensino superior estão disponíveis para ajudar,  trazendo jovens que vêm estudar para Portugal com 18 anos. Na primeira visita que a família lhes faz fica convencida que também tem que vir.  Vou dar o exemplo de Coimbra. Nos primeiros três anos, trouxemos 200, 180 alunos por ano. Agora, estamos a trazer 40. Porquê? Como elas têm que caber no mesmo ficheiro que dos alunos nacionais, as escolas não guardam vagas para os internacionais porque preenchem tudo no Concurso Nacional de Acesso. Isto é preocupante para a tal coesão do país. Nós gostamos muito de dividir o país na horizontal, mas temos que o dividir na vertical e perceber que a forma de manter a outra metade vertical é não estragarmos algumas das coisas que fizemos bem. Se as instituições do litoral forem buscar os alunos todos ao Nacional, estão a retirar esses alunos ao interior.

Acredita que isso pode ser mudado?

Acredito. Se pensarmos numa lógica de coesão territorial e não exclusivamente no preenchimento de vagas, vamos perceber que temos que fazer alguns condicionamentos. Nós não vamos precisar de mais vagas no concurso nacional de acesso nos próximos anos. Porquê? Porque com a natalidade a descer nos últimos 20 anos, as vagas que temos servem para os 50% que estão a concorrer ao ensino superior. Mas daqui a cinco anos servem para 60% do ensino superior e daqui a dez para 70% dos candidatos. Ora, se não aumentarem o número de candidatos ao ensino superior, nós vamos ter vagas a mais. Nós conseguimos trazer estudantes dos outros países que nos ajudam a preencher  (as vagas) e a manter o número de alunos. Somos muito atractivos a captar estudantes internacionais, nomeadamente dos países de língua portuguesa, mas é preciso que tenhamos liberdade para o fazer.

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