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Diretor Fundador: João Ruivo Diretor: João Carrega Ano: XXVII

Gente & livros Natália Correia

13-09-2023

“Já que o coito - diz Morgado -
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menina ou menino;
e cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca-truca.
Sendo pai só de um rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou - parca ração! -
uma vez. E se a função
faz o orgão - diz o ditado -
consumada essa excepção,
ficou capado o Morgado”

escrito em 1982, na Assembleia da República


A genialidade de Natália Correia foi muito para além daquele poema dedicado a um deputado do CDS, quando em 1982 teve lugar o primeiro debate sobre a questão do aborto. Dotada de um sentido de humor assinalável, Natália Correia foi uma oradora nata e deu provas disso na Assembleia da República, enquanto deputada. Foi também uma mulher que lutou contra o antigo regime. A Wikipédia explica que tomou parte ativa nos movimentos de oposição ao Estado Novo, tendo participado no MUD (Movimento de Unidade Democrática, 1945), no apoio às candidaturas para a Presidência da República do general Norton de Matos (1949) e de Humberto Delgado (1958) e na CEUD (Comissão Eleitoral de Unidade Democrática, 1969). Foi condenada a três anos de prisão, com pena suspensa, pela publicação da Antologia da Poesia Portuguesa Erótica e Satírica, considerada ofensiva dos costumes, (1966) e processada pela responsabilidade editorial das Novas Cartas Portuguesas de Maria Isabel Barreno, Maria Velho da Costa e Maria Teresa Horta. Foi responsável pela coordenação da Editora Arcádia, uma das grandes editoras portuguesas do tempo. Isso mesmo é referido na Wikipédia.
A sua obra abrange vários géneros, como a poesia e o romance, teatro ou ensaio. Natural dos Açores, onde nasceu em 1923, viria a falecer em 1993, já em Lisboa.
Natália Correia viria, a 13 de julho de 1981, a receber o título de Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada. Já em 1991, recebeu o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores pelo livro Sonetos Românticos. No mesmo ano a 26 de novembro foi feita Grande-Oficial da Ordem da Liberdade. Este mês cumpre-se o centenário do seu nascimento.

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