A inteligência artificial (IA) constititui um dos exigentes desafios que a sociedade tem pela frente. Luís Moniz Pereira, um dos maiores especialistas nesta área, professor emérito da Universidade Nova de Lisboa, fala-nos, nesta edição, de um «tsunami» de consequências imprivisíveis.
Carlos Correia, antigo diretor do Centro de Investigação para Tecnologias Interactivas da Universidade Nova de Lisboa, num dos seus artigos aqui publicados, conta-nos uma história verídica que nos deve fazer pensar: “nos Emirados Árabes Unidos, país onde Cristiano Ronaldo se esforça por demonstrar competência para continuar a marcar golos, surgiu uma notícia inesperada. O ministro da educação, Ahmad Belhoul Al Falasi, decidiu equipar as salas de aula do seu país com sistemas Chat GPT3 através de contratos assinados com a Microsoft e a Open A.I, de Sam Altman. (…) No seu entusiasmo, o ministro da educação dos Emirados Árabes Unidos foi ainda mais longe ao aconselhar professores e académicos de todo o mundo a reavaliar não só a forma como ensinam, mas também o modo como avaliam os estudantes”.
Percebe-se, por isso, a importância que a regulação da IA assume. Neste caminho em que a Inteligência Artificial vai substituir muitos trabalhadores, surge numa outra perspetiva o risco das gerações mais novas ficarem sem sentimento crítico, como explica Luís Moniz Pereira.
Certamente que os métodos de ensino terão que ser diferentes, não da forma como o ministro dos Emirados Árabes Unidos deu a entender. O Chat GTP responde com base na informação existente nas grandes massas de dados. Significa isto que as opiniões ou textos emitidos por esse sistema podem ser corretos, ou não, dependendo daquilo que foi introduzido nelas. Quando não cruzados com outras fontes poderão levar à manipulação de factos e da história.
E como a escola e a universidade vão lidar com a IA? A resposta estará a ser construída. Uma coisa é certa: a inteligência artificial não vai parar e irá evoluir de forma célere. Fizemos essa mesma pergunta ao Chat GTP. “A Inteligência Artificial pode ser uma ferramenta poderosa no ambiente educacional, desde que seja implementada de maneira ética e responsável. O envolvimento dos educadores, a integração adequada no currículo e a conscientização dos estudantes são fundamentais para aproveitar ao máximo o potencial da IA na educação”, respondeu o sistema.
Sendo certo que as novas gerações olham para a IA como uma oportunidade, cabe-nos a todos, enquanto sociedade, refletir e criar condições para que haja regras e legislação sobre a sua utilização. Não tenhamos dúvidas, haverá um mundo antes da IA e outro depois da generalização do uso da inteligência artificial. Que nunca percamos a nossa capacidade crítica, que pensemos sempre pela nossa cabeça e não apenas por aquilo que a IA nos apresenta. É isso que se deseja.