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Diretor Fundador: João Ruivo Diretor: João Carrega Ano: XXVII

Opinião Sobre a gestão escolar

A generalidade dos especialistas em políticas educativas têm vindo a considerar a gestão e administração escolar como uma área de profissionalidade com enorme futuro face às políticas de autonomia que se querem implementar nos sistemas educativos e que são uma recomendação prioritária da União Europeia.
Estamos perante um quadro conjuntural em que o reconhecimento de uma formação especializada nessa área das Ciências da Educação é considerada indispensável para o exercício de funções de gestão escolar, sejam elas de topo ou intermédias, pelo que a continuação da oferta desta formação especializada se reveste de importância fundamental.
A mudança permanente da nossa sociedade exige a actualização permanente (pós graduações, especializações, mestrados…). A reconversão, pessoal e profissional vai estar na agenda de todos os actores educativos, já que a formação diversificada aumenta a capacidade de sobrevivência num sistema altamente concorrencial.
Nos nossos dias, a tentativa de reorganização neoliberal da escola, em que os alunos são vistos como “clientes”, os professores como “colaboradores”, a aprendizagem como um “produto”, o sucesso académico como um indicador de “qualidade total”, o planeamento pedagógico como “acção de empreendedorismo”, a gestão escolar como “direcção corporativa” e os pais e a comunidade como “stakeholders”, e o investimento como um “custo orçamental”, esta reorganização, dizíamos, tem destruído uma boa (e talvez a melhor) parte do edifício da escola pública, enquanto escola democrática, inclusiva e meritocrática. E os nossos gestores escolares têm de estar teoricamente preparados para enfrentar este desafio….
As políticas educativas que pretendem fazer funcionar uma escola apenas com “gestores profissionais externos”, sem professores reflexivos, activos e motivados, e com autonomia, foi experimentada por vários sistemas, tendo conduzido sempre ao fracasso.
Décadas de investigação científica provaram que todo o desinvestimento na profissão e a ausência de formação permanente sempre redundou num atraso do desenvolvimento profissional dos docentes e, logo, à sua desactualização precoce.
Se o Estado não investir na actualização dos docentes, ao longo da vida, o seu futuro profissional pode vir a ser preocupante. Sobretudo, porque isso acontece em pleno desenvolvimento da sociedade do conhecimento, da globalização, que também ela é partilha da inovação e do progresso contínuo.
Porque ocorre, também, numa escola onde os actuais alunos, apesar da sua natural diversidade, provêm de uma geração “digital”, e se revelam sujeitos activos e imprevisíveis quanto ao domínio das novas tecnologias e, sobretudo, quanto ao uso dos seus meios e conteúdos…
Ou seja, numa escola que alberga uma geração em que o acompanhamento das actividades dos alunos, dentro e fora da sala de aula, e em que a formação parental se revela igualmente fundamental, e onde ninguém se pode dar ao disparate de afirmar que existem recursos humanos e tecnológicos dispensáveis.
Recursos humanos cuja formação especializada custou esforço pessoal, tempo, dinheiro e muito investimento em estruturas e equipamentos, que não podem ser desperdiçados, num país que necessita ainda de muita educação e promoção cultural.

João Ruivo
ruivo@rvj.pt