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Gente & Livros Eduardo Lourenço

14-12-2020

Eduardo Lourenço, professor, ensaísta, filósofo, de 97 anos, morreu no passado dia 1 de dezembro, em Lisboa.
Durante mais de cinquenta anos com especial ressonância no pós-25 de Abril, que a sua voz marca o pensamento do país.
Eduardo Lourenço nasceu a 29 de maio de 1923, em S. Pedro de Rio Seco, Almeida. Foi o mais velho dos sete filhos de Abílio de Faria, capitão de Infantaria, e de Maria de Jesus Lourenço. Mudou-se para a Guarda (onde existe hoje uma biblioteca com o seu nome) em 1932 e ingressou no Colégio Militar em 1934, um ano depois de o pai partir para Nampula, em Moçambique.
É enquanto estudante na Universidade de Coimbra, em 1940, que encontra um ambiente propício à reflexão cultural que sempre haveria de prosseguir.
Depois de concluir o curso em Ciências Histórico-Filosóficas, foi professor entre 1947 e 1953 nessa mesma universidade. Lecionou, mais tarde, em várias universidades estrangeiras, como a da Baía, no Brasil, e nas Universidades de Hamburgo, Heidelberg, Montpellier, Grenoble e Nice. Fixando residência em Vence, lecionou, até à sua jubilação, na Universidade de Nice.
De acordo com o Centro de Estudos Ibéricos, a abordagem crítica da realidade que caracteriza Eduardo Lourenço, “inicialmente inspirada pelo neo-realismo, aproximou-se depois do existencialismo, por contacto com a obra de pensadores franceses. Não se deixou, no entanto, condicionar por estas influências, filtrando e analisando as motivações menos evidentes no comportamento dos portugueses como povo. A produção ensaística de Eduardo Lourenço, abrangendo diversas áreas, da literatura e da arte aos acontecimentos políticos contemporâneos, tornou-se um fenómeno singular na cultura portuguesa, orientada por uma constante argumentação personalista”.
A obra de Eduardo Lourenço tem sido também “permeada pela literatura, levando-o a escrever sobre escritores portugueses, como Miguel Torga, Vergílio Ferreira, Agustina Bessa-Luís, Jorge de Sena e José Saramago, entre outros, voltando a temas políticos quando a realidade o motiva a tal, como no caso da integração de Portugal na Europa”.
Em 1996, o ensaísta recebeu o Prémio Camões e, em 2011, o Prémio Pessoa. Intérprete maior das questões da cultura portuguesa e universal, Eduardo Lourenço é tido como um dos mais prestigiados intelectuais europeus.

Tiago Carvalho
Site Oficial
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