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Atualidade Óbito: Rui Nabeiro um empresário visionário nos negócios e na educação

19-03-2023

O empresário Rui Nabeiro, fundador do grupo Nabeiro - Delta Cafés morreu este domingo aos 91 anos, vitima de doença, no hospital da Luz, em Lisboa, disse à Lusa fonte do grupo.

“É com profundo pesar que a família Nabeiro informa que faleceu hoje, dia 19 de março, o Comendador Manuel Rui Azinhais Nabeiro, presidente e fundador do Grupo Nabeiro – Delta Cafés”, pode ler-se num comunicado enviado pelo grupo.

O Comendador Rui Nabeiro “encontrava-se hospitalizado no Hospital da Luz, devido a problemas respiratórios”, pode ler-se no mesmo comunicado, enviado pelo Grupo Nabeiro.

Manuel Rui Azinhais Nabeiro nasceu em 28 de março de 1931, em Campo Maior, no distrito de Portalegre.

“O espírito empreendedor e a sua ética de trabalho estiveram sempre presentes nos momentos decisivos da sua vida”, pode ler-se no comunicado.

Em 1961, criou a Delta Cafés, “dando origem a um grupo empresarial que hoje lidera o mercado dos cafés em Portugal” e se encontra “em forte expansão nos mercados internacionais”, realçou o grupo empresarial.

“Toda a família Delta está profundamente triste com esta perda e estende as sinceras condolências a todos aqueles que também hoje perderam um grande amigo”, é referido no comunicado.

“Estamos todos empenhados em continuar o seu legado e honrar a sua visão, continuando a produzir o melhor café do mundo, apoiando as comunidades locais e promovendo a sustentabilidade”, acrescenta-se.

 

 

Marcelo Rebelo de Sousa: Rui Nabeiro foi um precursor

 

O Presidente da República lamentou, em nota oficial, a morte do empresário Rui Nabeiro e apresenta à família as mais sentidas condolências. "Ainda ontem, ao fim da tarde, o Presidente da República teve a oportunidade de o visitar no hospital", pode ler-se.

"Rui Nabeiro foi um precursor, construiu uma marca global, como há poucas no nosso país, mantendo sempre a sede e o coração da sua atividade em Campo Maior, terra onde nasceu e onde deixa um generoso legado. Num tempo económica e socialmente desafiante, o exemplo de Rui Nabeiro, na sua preocupação social e participação cívica, com a comunidade e com o país, devem ser um exemplo e uma inspiração para todos quantos podem devolver à sociedade um pouco daquilo que esta lhes deu", acrescenta o Chefe de Estado.

 

 

António Costa: O sonho de fazer acontecer

 

O Primeiro Ministro lamentou o falecimento de Rui Nabeiro. António Costa, numa publicação no Twiter, considera que “o legado do Comendador Rui Nabeiro ultrapassa largamente o papel de empresário exemplar, dentro e fora do país. O seu percurso foi inspirador, pela força, energia e sempre o sonho de fazer acontecer”.

No entender do Primeiro Ministro, Rui Nabeiro “ultrapassa largamente o papel de empresário exemplar, dentro e fora do país”.

 

Reitora da Universidade de Évora destaca apoio ao ensino e investigação

 

A reitora da Universidade de Évora (UÉ), Hermínia Vasconcelos Vilar, recordou o empresário Rui Nabeiro, que faleceu aos 91 anos, como “um exemplo” e enalteceu o apoio que sempre deu ao ensino superior e investigação.

Rui Nabeiro “é um exemplo pela sua carreira pessoal, profissional e pelo seu percurso” e, para a UÉ, a sua morte “é uma grande perda”, afirmou a reitora da academia alentejana, em declarações à agência Lusa.

Segundo Hermínia Vasconcelos Vilar, o empresário Rui Nabeiro “desde cedo, apoiou e percebeu a importância não apenas da universidade como instituição de ensino, mas também da investigação” académica.

“Desde 2008, que apoiou a criação de uma cátedra na área da biodiversidade, que tem o nome Cátedra Rui Nabeiro – Biodiversidade, o que refletiu bem a importância que ele sempre deu à formação e ao ensino superior e, neste caso, à UÉ”, realçou.

Por outro lado, assinalou a reitora da academia, com esta postura, o empresário alentejano revelou “a precocidade do seu pensamento e da sua visão ao apoiar a investigação na área da biodiversidade, já desde o início deste século”.

“Significa que ele, desde cedo, se apercebeu da importância das alterações climáticas e da biodiversidade para o mundo e, obviamente, para o território onde ele em particular desenvolveu toda a sua atividade, ou seja, o Alentejo”, referiu.

Hermínia Vasconcelos Vilar lembrou também que Rui Nabeiro é doutor Honoris Causa pela UÉ, cuja atribuição, em 2006, teve o patrocínio do antigo Presidente da República Jorge Sampaio, também já falecido.

“É realmente uma perda muito grande para todo o país e, em particular, para a UÉ, que perde um mecenas e alguém que, desde há muitos anos, participou direta e indiretamente na própria universidade”, vincou.

A reitora da UÉ notou que também a família do empresário participa na vida da academia, dando como exemplos a presença de “representantes no conselho geral”.

 

Presidente do Politécnico de Portalegre destaca dimensão humana de Rui Nabeiro

 

“Rui Nabeiro era uma pessoa com o coração do lado certo. Não deixa de ser curioso que parte no Dia do Pai, ele que foi pai de muita gente”. As palavras são de Luís Loures, presidente do Politécnico de Portalegre, outra das instituições de ensino superior que o empresário apoiou.

Em declarações à SIC, o responsável pelo Politécnico de Portalegre acrescentaria que "Rui Nabeiro sempre se preocupou muito mais com o lado humano do que propriamente com a vertente empresarial. Era alguém que estava sempre em contra-corrente face aos outros empresários".

 

Empresário foi pioneiro a financiar cátedras e estudos sobre biodiversidade

O investigador da Universidade de Évora (UÉ) Miguel Bastos Araújo recordou o empresário Rui Nabeiro, que faleceu aos 91 anos, como pioneiro no financiamento de cátedras e de estudos sobre a biodiversidade e alterações climáticas.

Rui Nabeiro “tinha uma característica muito própria”, que era ser “um filantropo”, porque se sentia “impelido a apoiar causas nas quais acreditava, nomeadamente a educação e a investigação”, afirmou à agência Lusa Miguel Bastos Araújo.

O investigador, galardoado com Prémio Pessoa em 2018, deu como exemplo o apoio financeiro que o empresário disponibilizou para a criação da Cátedra Rui Nabeiro - Biodiversidade na UÉ, que “foi a primeira financiada com fundos privados em Portugal”.

“Foi um gesto do comendador Rui Nabeiro que permitiu alavancar uma área de investigação que cruzava biodiversidade e alterações climáticas”, disse, realçando que “foi pioneira, tanto o tema de investigação como o gesto de criar uma cátedra privada”.

Miguel Bastos Araújo, que também é responsável por esta cátedra, considerou que, com este apoio à investigação académica, o empresário alentejano “deu um exemplo para o país”, assinalando que, “depois desta, seguiram-se várias”.

“O Governo português abraçou a ideia e criou um programa de cofinanciamento de cátedras”, pois, quando “havia algum financiador privado interessado, o FCT [Fundação para a Ciência e a Tecnologia] dava um financiamento complementar” e, assim, “criaram-se dezenas de cátedras em Portugal”, lembrou.

Sublinhando o “percurso extraordinário que fala por si” de Rui Nabeiro, o investigador da UÉ destacou que o empresário começou “de um nível bastante básico e foi crescendo até se tornar um dos maiores empresários do país”.

A Cátedra Rui Nabeiro – Biodiversidade foi criada, em 2008, pelo Grupo Nabeiro - Delta Cafés, do qual o empresário é fundador, e a UÉ, com o objetivo de apoiar a investigação nos domínios da biodiversidade e mudança global, bem como promover a educação superior e comunicação científica sobre os mesmos temas.

EM com Lusa
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