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Atualidade Os segredos da Branca de Neve

23-10-2020

Branca de Neve é uma das imagens de marca reconhecidas pelos portugueses. A farinha é produzida em Alcains, no concelho de Castelo Branco, a meio caminho entre Lisboa e Madrid, pela fábrica Lusitana. É nesta unidade industrial, situada bem no centro da vila, que agora vai nascer um centro interpretativo, uma zona de inovação e interativa, espaços didáticos e museológicos, um restaurante e circuitos dentro da própria fábrica que permitam aos visitantes percorrerem aquela unidade industrial em período de funcionamento.

A aposta é do empresário António Trigueiros de Aragão, que olha para aquele território situado num ponto ibérico estratégico, onde a construção do IC31 unirá as capitais portuguesas e espanholas por uma via em perfil de autoestrada, com otimismo. “Há anos que defendo uma ligação a Espanha. Esta região tem que se unir e abrir-se ao exterior. Sem união não se consegue força, independente do posicionamento de cada um. Há ideias centrais. Mas tem que haver união para termos força. A região tem que perceber que temos mais valias para trazer gente do exterior”, começa por explicar.

“Com este projeto em Alcains queremos dar a conhecer a nossa equipa e a nossa fábrica. Estamos perto da A23 e queremos transformar este nosso centro instalado em Alcains numa zona de inovação e conhecimento, onde quem nos visita possa usufruir deste espaço e aqui possa tomar as suas refeições”, começa por explicar, para depois adiantar que “em meados de outubro teremos o anteprojeto feito. A ideia é depois envolver outras entidades a serem parceiras”.

O empresário diz que “vão ser criados circuitos dentro da própria fábrica para os visitantes. Além disso, há uma área situada fora da unidade fabril onde instalaremos zonas interativas. A ida à fábrica será a última parte da visita. O espaço ficará também dotado com um restaurante cuja temática principal será a farinha”.
António Trigueiros de Aragão adianta que “até ao final do ano o projeto final estará na autarquia albicastrense. Se tudo correr bem poderemos iniciar as obras em 2021. Aquilo que queremos é proporcionar a quem nos visitas atividades lúdicas. Iremos ter também uma área educativa muito forte”. Com esta aposta serão criados mais postos de trabalho que se juntarão às 65 pessoas que hoje trabalham na fábrica de Alcains e que integram uma equipa nacional de 105 funcionários.

Fundada em 1924, a Fábricas Lusitana é a única moagem “situada no interior do país e desde 1954 produz duas das marcas de confiança dos portugueses, as farinha Branca de Neve e Espiga”. António Trigueiros diz que o facto da unidade fabril estar no interior obriga a um esforço “no transporte da matéria prima para Alcains e depois a distribuição do produto acabado, uma vez que o grande consumo situa-se no litoral. Contudo, temos responsabilidade social. Temos uma equipa extraordinária que nos permite dar respostas, e neste tempo de pandemia, o facto de estarmos localizados em Alcains foi positivo”.

Agora o momento é de acrescentar valor ao que existe, criando um espaço para o público que António Trigueiros de Aragão acredita que poderá atrair muitos visitantes a Alcains e que poderá ser mais um motivo para se visitar a região. Afinal, o empresário fala em mostrar alguns dos segredos da Branca de Neve, mas também como desde a sementeira até à apanha dos cereais, o processo é feito, recordando a história, mas mostrando o presente e o futuro.
O empresário fala na necessidade de se potenciar a região e mostrar aquilo que ela tem. Dá como exemplo outro investimento que efetuou com a sociedade XIPU nas Termas de Monfortinho. No total foram investidos no balneários termal cerca de 1,5 milhões de euros.

“Depois da aquisição estivemos, nestes primeiros três anos a estudar o negócio e recuperar a estância termal. Sabemos aquilo que queremos, numa aposta que passa por modernizá-la, passando da exclusividade da ótica do tratamento para um ambiente de lazer e bem estar. Por isso, nos terrenos envolventes, junto ao rio Erges, iremos construir unidades individualizadas para que quem pretenda passar uns dias nas Termas de Monfortinho o possa fazer com todas as comodidades. A pandemia criou essa necessidade. Num ambiente muito bonito os hóspedes terão o seu espaço. Mas iremos ter também um restaurante que esteja virado para Espanha e onde possamos apresentar os nossos produtos nacionais e regionais. Há uma apetência muito grande por parte dos espanhóis por esses produtos”.

A ligação a Espanha é vista por António Trigueiros de Aragão como fundamental para o desenvolvimento da região e de uma estratégia que traga valor acrescentado. O empresário fala no corredor “que vem de Espanha pela fronteira das Termas de Monfortinho, que passa por Castelo Branco e que vai até Fátima, Alenquer, Alcobaça etc. Se a ligação entre Castelo Branco e as Termas de Monfortinho for feita (IC31) esta será a grande porta de entrada para o país. Aquilo que me interrogo é porque é que a região não se une nisso. Quando me dizem que a autoestrada só leva pessoas, revolto-me.

Temos um governo que incluiu essa estrada no Plano de Infraestruturas, agora é a região que tem que fazer força. Estamos a lutar por uma ferramenta infraestruturante para todos, para Castelo Branco, para o Fundão, para o próprio litoral. As grandes plataformas de distribuição estão situadas na Azambuja, ficariam com uma ligação excelente para Espanha. A comunidade de Madrid supera já os 6,5 milhões de habitantes, dos quais mais de 900 mil são jovens entre os 18 e os 30 anos”.

António Trigueiros de Aragão acrescenta que também há que criar estruturas para atrair as pessoas que vão “passar nessa estrada. A partir da nossa região podem conhecer tudo o resto, mesmo o litoral. Temos que nos unir e olhar para esses espaços como irmãos. Por exemplo, a Nazaré, com a sua onda gigante, conhecida em todo o mundo, pode ser um aliado. Temos que fazer pontes entre as regiões para conseguirmos fazer um bolo e sermos os grandes embaixadores da entrada em Portugal. Não precisamos de piedade, mas de aproveitar e potenciar o que cá temos”.

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